OS POSTULADOS CIBERNÉTICOS SÃO MORTAIS PARA AS DITADURAS
Quaisquer ditaduras, inclusive a ditadura do proletariado, não se coadunam com os postulados cibernéticos.
A cibernética, como uma ciência que utiliza, essencialmente processos informacionais no controle da máquina, do homem e da sociedade, constitui um mecanismo mortal para os sistemas e as sociedades fechadas, cuja característica principal e a ausência de mecanismos de “feedback”.
O “feedback” é ubíquo na natureza toda e se exemplifica com a sua presença na totalidade dos processos fisiológicos do organismo humano, através dos quais procura, constantemente, manter o estado de equilíbrio, de homeostasia (stead state”), apesar das perturbações oriundas do ambiente e, da própria consciência humana.
Por causa desses atributos é que os princípios cibernéticos são passíveis de inspirar modelos de estudos e de funcionamento das sociedades, os quais são mortais para as sociedades fechadas, herméticas, como todas as ditaduras.
A cibernética constitui um dos componentes do referencial sistêmico, ecológico e cibernético, que corresponde a filosofia expressa neste blog.
Felizmente a história revela que toda ditadura é efêmera, como aconteceu com a que foi a abordada pelo jornalista Marcelo Galli, na Revista Filosofia, Ciência & Vida, face às distorções apontadas no trecho seguinte:
“Quando Marx elaborou a sua tese, acreditava que a revolução do proletariado deveria ser implementada nos paises que contavam com o capitalismo desenvolvido e estabelecido, e que somente dessa maneira poderia prosperar. A Rússia pré-1917 estava longe desse ideal, diferente de uma Inglaterra, Alemanha ou França, ou ate mesmo dos Estados Unidos, rumando vigorosamente o seu nascimento industrial. A Rússia era um país atrasado e subdesenvolvido e teve que, antes de tocar o socialismo, passar pelo processo de industrialização. “Ao invés do seu sentido original de superação do capitalismo, em muitos casos os partidos comunistas se viram na contingência de cumprir as tarefas do “desenvolvimento” capitalista, com todos os seus efeitos sociais, políticos e ambientais nocivos”, diz Fortes.
Duas das principais obras do escritor inglês George Orwell, pseudônimo de Eric Blair (1903-1950) tratam dessa sociedade totalitária e centralizada,cujos lideres,no momento posterior a revolução,começam a adotar os mesmos costumes dos seus antecessores.
O primeiro é A Revolução dos bichos, de 1945, uma fábula em que os animais assumem o controle de uma fazenda, mas após o processo de mudança os porcos começam a ter privilégios em relação aos outros bichos do local.O outro trabalho é 1984. Trata-se de um romance que descreve a sociedade onde o “Grande Irmão” vigia tudo e todos, asso a passo e pensamento a pensamento.Em todo o país imaginário existiam cartazes com os seguintes dizeres: “O Grande Irmão zela por ti”.
Após a leitura do trecho supra, de autoria de Marcelo Galli, acrescentamos:
Talvez, um dos pontos mais vulneráveis do marxismo seja a proposta da instituição da ditadura do proletariado.
Toda ditadura constitui um movimento de fora para dentro da sociedade e parte do pressuposto de que o povo não está, ainda, à altura de promover o auto-governo e precisa interferência exógena, necessita de tutela.
Certamente, Marx partiu dessa premissa: em um primeiro momento, o proletariado não estaria preparado para o auto-governo e necessitaria de uma “muleta”, ou seja, deveria ser dirigido por ativistas, não proletários, mas que sintonizavam o proletariado e comungam dos mesmos ideais. Embora nosso militante seja um decidido progressista, não pretende conduzir o proletariado somente por paixão ao socialismo. Nosso ativista não é movido apenas por puro amor aos valores do socialismo e à causa do proletariado.
Defende o proletariado, mas desejam, também conduzi-lo. Tem dois objetivos. Primeiro quer transformar a sociedade, destruindo o capitalismo, depois quer desempenhar o seu papel na sociedade emergente. Quer participar da nova sociedade de classes, formada por dirigentes e dirigidos, mas quer integrar a classe dirigente, outorgando-se os direitos de exercer o poder e usufruir de privilégios.
Enquanto no capitalismo, o poder do voto é deturpado, viciado, pela ação do poder econômico, comprando-se mandatos, a fim de dirigir a sociedade, como se seus legítimos representantes fossem, para ostentar privilégios, em detrimento dos interesses do povo, nos regimes discricionários, como na pretensa ditadura do proletariado, como em qualquer das ditaduras, substitui-se o poder econômico pelo poder da força, conquista-se o poder através da força e por meio dela é exercido. .
Como o poder, muitas vezes, embriaga, nos poderes sem freio, sem mecanismos de “feedback” os poderes tendem-se a se perpetuar.
Toda ditadura, inclusive a do proletariado, estão em desacordo com os postulados da cibernética e, conseqüentemente, são incapazes de se ajustarem aos anseios da sociedade, aos avanços da ciência e da tecnologia e as circunstancias ambientais de cada época.
Felizmente a história revela que todas as ditaduras são e efêmeras.
Em face de a cibernética constituir a ciência dos mecanismos de regulação, de controle e de reajustes, esta ciência participa, obrigatoriamente, dos processos de planejamento e operacionalização das sociedades abertas, democráticas.
A cibernética constitui um dos componentes do referencial sistêmico, ecológico e cibernético, que corresponde a filosofia expressa neste blog.
posted by Blog do Paim @ 2:26 PM 0 comments links to this post
Frida
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