domingo, junho 26, 2011

ABORDAGEM INFORMACIONAL (Edson Paim & Rosalda Paim)


 
 
EXTRAÍDO DO LIVRO:



SISTEMAS, AMBIENTE
& MECANISMOS DE CONTROLE




               SISTEMISMO ECOLÓGICO CIBERNÉTICO INFORMACIONAL


                                                            1a. Edição


                                                

Edson Paim

Rosalda Paim


CAPÍTULO V

                        VIDA, INFORMAÇÕES, ENTROPIA E NEGENTROPIA

                                    (ABORDAGEM INFORMACIONAL)

A abordagem informacional privilegia o estudo dos circuitos de informação e comunicação que integram e permeiam qualquer sistema, quer  seja de natureza física, biológica, tecnologia ou social, incluindo seus processos internos e suas relações com o ambiente.

Tal ponto de vista se fundamenta na Teoria da Informação.

A teoria da informação ou Teoria Matemática da comunicação é um ramo da teoria da probabilidade e da matemática estatística que lida com sistemas de comunicação, transmissão de dados, criptografia, codificação, teoria do ruído, correção de erros, compressão de dados.  (Wikipédia).

A Teoria da Informação não deve ser confundida com a tecnologia da informação e nem com a biblioteconomia.

A ideia de dinamismo, de movimento, de processo, de “fisiologia”, que o Sistemismo encerra, é reforçada pelo concurso da Cibernética (integrante da Teoria Geral dos Sistemas) e pela Teoria da Informação (tributária da Cibernética).

A abordagem informacional corresponde ao quarto degrau ou etapa do processo da construção da metodologia Sistêmica Ecológica Cibernética Informacional, a qual poderia designada, apenas, Sistêmica Ecológica Cibernética, porque, na realidade, a Cibernética já albergaria, no seu próprio âmbito, a Teoria da Informação.

Entretanto, preferimos utilizar a primeira hipótese, a fim de expressar a presença de todos os quatro componentes da metodologia construída.

Apesar de concordarmos que a Teoria da Informação já integre a Cibernética, julgamos conveniente lhe atribuir, para fins operacionais, uma identidade própria, pois sua amplitude se avulta como participante do conjunto de ciências da complexidade.

Colocamos a Teoria da Informação em nível de igualdade com a Cibernética, no momento da elaboração da Perspectiva Cibernética Informacional (Capítulo anterior), acompanhando Morin1, que a dispõe ao lado da Teoria Geral dos Sistemas e da Cibernética, a fim de constituir o que ele denomina “Trindade  Profana”.  

Segundo Francelin2, “Aceitando-se o objeto de estudo da ciência da informação em seu contexto, talvez não seja tarefa difícil detectar a relação entre a "Trindade profana" proposta por Morin (1999a) e a ciência da informação. São três teorias já conhecidas da ciência da informação que fazem parte desta Trindade": a teoria de sistemas, a cibernética e a teoria da informação.

Vale lembrar que Morin3 (1999a) reputa, à função da teoria de sistemas, da cibernética e da teoria da informação, uma possível via de entendimento de mundo que considera complexo, não suas relações, pois isto não seria possível devido às limitações da capacidade humana e dos fenômenos inexplicáveis propostos pela natureza, mas sim analisar a complexidade que permeia estas relações.”

O que talvez Morin4 (1999a) queira esclarecer por meio destas três teorias é que a informação, como a própria ciência da informação a entende, esteja presente em quase todas as fases da auto-organização de mundo proposta pelo autor e justamente naquilo em que a ciência da informação talvez não conceba tal ocorrência, ou seja, no ruído da mensagem entre emissor e receptor através de um canal, "[...] (ordem a partir do ruído), não apenas da desordem, mas a partir do ruído" (Morin, 1999a, p.29).

Ainda,  Francelin5 refere: Portanto, parece ser interessante à ciência da informação uma aproximação do instinto formativo bachelardiano da complexidade morinana e sua "Trindade profana" (teoria da informação, cibernética e teoria de sistemas), pois entende-se que este possa ser o caminho para possível compreensão de determinados contextos de complexidade que possam envolver a atividade informacional.”

A Teoria Geral dos Sistemas, a Cibernética e a Teoria de Informações se complementam entre si e se conjugam no trato de fluxos informacionais e mecanismos de regulação e controle, constituindo, cada um componente desta tríade, aspecto relevante no processo de construção do Sistemismo Ecológico Cibernético Informacional. 

Estas três ciências, acrescidas da Ecologia, são as componentes essenciais, ou melhor, podemos afirmar que estes ramos do conhecimento constituem os quatro pilares principais do construto de nossa autoria - Sistemismo Ecológico Cibernético Informacional  (Capítulos X a XII).

As informações estão na base da todos os mecanismos de controle, além de permear todas as três ciências já referidas (Teoria Geral dos Sistemas, Ecologia e Cibernética), influindo na totalidade dos processos biológicos e sociais. 
       
      O sistema humano, como outros sistemas vivos, em seu processo de integração, tem necessidade, dentre outros fatores, de comunicações e da informação, as quais consomem, desperdiçam e degradam energia.

A informação, contida no código genético, permeia todos os organismos vivos, alcançando quaisquer dos seus processos interiores (estruturais ou fisiológicos) e a totalidade das suas relações com o ambiente.

Em qualquer processo de transmissão de mensagens, há possibilidades de equívocos, tais como erros de codificação, de emissão, de transmissão, de decodificação, ou perturbações várias, decorrentes da interferência de ruídos ou de outros fatores mecânicos.
          
“Foi esta observação que deu ensejo à teoria matemática da informação (SHANNON & WEAVER, The Mathematical Theory of Communications, 1949): Shannon observou que uma mensagem enviada através de um canal qualquer sofre deformações diversas durante a transmissão, razão pela qual, ao chegar ao destino, uma parte das informações que continha já está perdida. Estabeleceu, assim, a analogia entre esta perda e a entropia, função que, com base no segundo princípio da termodinâmica, exprime a degradação da energia que se verifica em qualquer transformação de trabalho mecânico em calor, ao passo que a transformação inversa (do calor em trabalho mecânico) nunca é completa.6”

A partir da analogia entre a perda de informação e a entropia, se tornou possível estabelecer que a quantidade de informações, transmitidas, poderia ser calculada como entropia negativa.

Na transmissão das mensagens, semelhantemente ao que acontece na transformação de qualquer modalidade de energia em outra, a entropia negativa (negentropia) decresce continuamente porque a positiva (perda de informações ou degradação de energia) cresce continuamente.

 “Com base nessa analogia, o calculo das possibilidades, utilizado pela termodinâmica pode ser empregado como instrumento muito oportuno para determinar as fórmulas com que a medida da quantidade de informações pode ser expressa em cada caso, cujas variações dependem do número e da freqüência dos símbolos utilizados, de sua possibilidade de combinação, da interferência dos fatores de perturbação dos símbolos e assim por diante. Nesse último caso, toma-se em consideração os símbolos chamados redundantes, cuja finalidade é prever e corrigir os erros de transmissão antes que ocorram, de tal modo que o funcionamento da transmissão seja corrigido antecipadamente pela previsão das perturbações com o processo de retroalimentação7” .

Quanto mais improvável é uma mensagem, maior é a carga de informação que ela transmite. Daí ter-se uma quantidade mínima de informação quando esta permite apenas uma escolha entre duas possibilidades que tenham a mesma probabilidade.

 Tal quantidade mínima foi estabelecida como unidade de medida de informação e designada bit (abreviação da expressão inglesa binary digit = cifra binária).

A energia do universo tende a se distribuir no sentido de um  maior nivelamento, em sua forma mais degradada, anárquica, caótica, indiferenciada, equilibrada e mais estável possível, designando-se esta característica com o nome de entropia.

O termo entropia foi criado por Clausius8 (l850), estribado no segundo princípio da Termodinâmica, com a finalidade de  denotar a tendência da totalidade dos sistemas, no sentido do resfriamento ou nivelamento energético, da desorganização, da indiferenciação e catamorfose, da mesmice e do caos, enfim, da morte.

A Termodinâmica estuda a energia, sua transferência e condução, bem como os efeitos destes processos em um sistema determinado e no seu ambiente.

Entropia é a medida da perda das características que fazem com que um sistema se diferencie do seu ambiente.

“Entropía es el grado de desorden, el equilibrio máximo en el cual no se puede haber cambios físicos ni químicos, ni se pude desarrollar ningún trabajo y donde la presión, la temperatura y la concentración son uniformes e irreversibles en todo el sistema. Solo los sistemas en desequilibrio pueden desarrollar trabajo.9”

Consoante o princípio da unidade da energia, uma modalidade de energia pode ser transformada em outra.

“De acuerdo con la  primera ley de la termodinámica, en cualquier proceso el total de energía de un sistema más la de alrededores permanece constante. Sin embargo la energía puede sufrir transformaciones de una forma a otra, como lo son, el calor, la luz, la electricidad, la energía mecánica y la química. La segunda ley de la termodinámica limita los tipos de transformación de energía y predice la dirección en la cual dichas transformaciones deben ocurrir, desde un punto de vista estadístico, en cualquier proceso químico o físico. La segunda ley de la termodinámica establece que, en los sistemas cerrados, todo procede en la dirección del máximo equilibrio entre el sistema y sus alrededores (el universo). A esto se lo conoce como aumento de la entropía. Entropía es el grado de desorden y  de caos.10”

Há uma tendência universal para os estados de maior degradação: catamorfose, indiferenciação, um direcionamento para baixo (resfriamento, nivelamento energético, desorganização, caos), enfim, a “morte entrópica”, incluindo a morte dos sistemas vivos.

Mario Chaves11 diz que Gibbs formulou a teoria de que essa probabilidade tende naturalmente a aumentar, acompanhando o envelhecimento do Universo e que a medida dessa probabilidade é designada entropia.

Existe, pois, uma tendência universal característica da entropia, a de aumentar continuamente, no sentido de estados de maior degradação: catamorfose, indiferenciação, tudo sendo direcionando para baixo (resfriamento, nivelamento energético, desorganização, caos), enfim, a “morte entrópica”, incluindo a morte dos sistemas vivos, sendo esta tendência designada com o nome de entropia, a qual teria a probabilidade de aumentar com o envelhecimento do universo.

A medida de tal probabilidade é designada entropia.

Em razão dessa tendência de aumento contínuo e permanente da entropia, pode se afirmar que o estado mais provável do planeta Terra é o seu total resfriamento.

Tal já aconteceu com Marte, cujo estado atual equivale a um exemplo patente dos efeitos da ação da entropia, desenvolvida através de bilhões de anos.

Um dia, em passado longínquo, Marte teria apresentado as condições climáticas semelhantes às existentes, hoje, na Terra, uma vez que o estado mais provável, de ambas, é o resfriamento total, assim como o estado mais provável da vida é a morte e, o estado mais provável da administração é o caos.

 “No universo como um todo, o estado mais provável é o caos, a quiescência, a desorganização, a morte entrópica, a catamorfose. O estado mais provável da terra é a nivelação, as montanhas destruídas pela erosão, os rios correndo para o mar e levando com eles a substância das montanhas pela gravidade. O estado mais provável do sol é o apagar-se depois que todas as reações possíveis, as explosões atômicas das quais a terra deriva sua energia tenham ocorrido, simplesmente porque a probabilidade de sua ocorrência vai aumentando com o passar do tempo. Embora o apagamento do sol esteja a bilhões de anos pela nossa frente, não poderemos deixar de pensar em nós mesmos, usando a brilhante expressão de Wiener, como náufragos no espaço confinados a um espaço condenado. 12”

Mas, neste Universo físico, tendente para os estados de maior entropia, indiferenciação, catamorfose e mesmice, eis que em determinado instante, num passado longínquo, eis que surge uma contra corrente à lei geral da entropia - a Negentropia - e a Terra primitiva se transforma em um enclave negentrópico, no âmbito do cosmo.

Nela a entropia tendeu para a diminuição, desenvolvendo-se uma situação de anamorfose, diferenciação e organização da matéria, surgindo a vida e, iniciando-se um formidável e belo "show" planetário.

“La materia viva ha evolucionado de la materia inerte. La materia inerte renueva continuamente los sistemas de materia viva al fluir por ellos, debido al consumo continuo de energía. 13”

Os sistemas vivos constituem sistemas auto-organizadores, auto-reguladores e auto-reprodutores, dotados de mecanismos de “feedback”,  portanto homeostáticos, cibernéticos.

 “A vida é o conflito do singular contra o universal; do desequilíbrio de cada sistema (em relação com seu entorno) contra o equilíbrio máximo; do esforço para manter instável com relação à máxima estabilidade a que tende a natureza; da diferenciação contra a indiferenciação; da ordem contra o caos e da sistematização contra a anarquia... A vida representa a evolução da matéria do estado mais provável para o estado mais improvável... a matéria e a energia se movem simultaneamente a favor e contra a vida... O organismo do ser humano, igualmente a  todos os sistemas de matéria viva, composto por duas ou mais células, constitui uma sociedade de células. 9”

O ser humano representa um sistema, maravilhosamente construído, com muitas partes distintas interligadas e inter-relacionadas, capazes de contribuem de várias maneiras para a sustentação de sua vida, para a consecução do seu processo reprodutivo e de suas demais atividades, cujo mecanismo de controle, de regulação, com a finalidade de manutenção da homeostasia, é o dispositivo cibernético denominado “feedback”.

Sua importância é ressaltada pelas afirmações de Hans Reinhard Rapp15, citado por Marcelo Azevedo16 "que quando o primeiro processo de feedback foi construído pela evolução começou a vida" e, quanto à oposição entre entropia e negentropia, repetimos a frase lapidar de Aurel David17, mencionada pelo mesmo autor: “... Mas a matéria vinda dos alimentos passou para o campo da vida e luta com ela contra o resto da matéria. …Quer se trate de órgãos vivos ou bens manufaturados, a matéria que os constitui deixa localmente o curso da entropia para seguir a nossa via.”

Aqui encontramos a mais expressiva manifestação da luta, do antagonismo entre a matéria viva e a matéria inerte, a mais significante constatação da relação dialética entre o ser vivo e o ambiente circundante, bem como a mais magistral maneira de expressar da incorporação dos alimentos à massa corpórea do ser vivente.

O surgimento da vida na terra é um evento ocorrido no sentindo inverso ao da entropia, portanto, um acontecimento  com caráter de improbabilidade.

 “Existen, sin embargo, sistemas que se oponen - aunque solo de manera transitoria - a este fluir de la naturaleza que se dirige de la luz y el orden al caos y a las tinieblas. Estos sistemas son los organismos compuestos por materia viva, que constituyen solo una ínfima parte de la materia y energía del cosmos y que, hasta donde se sabe, solo existen en el planeta Tierra. Este a su  vez está formado por una pequeñísima porción de la materia existente. 18”
.       
          A vida corresponde a uma contra corrente à lei geral da entropia, existindo um conflito permanente entre o ser vivo e o ambiente que vive, compreendido o sistema ambiental como o somatório de seus quatro componentes: o subsistema físico, o subsistema biológico, o subsistema social e, mais, o subsistema tecnológico.
 
“La vida es una enfermedad incurable y una lucha contra la entropía. La medicina es una actividad del ser humano que trata de mantener la integridad de la estructuración y el desequilibrio del organismo humano, como sistema compuesto por materia viva, en contra la tendencia de la naturaleza a la entropía máxima, al equilibrio energético, a la in diferenciación, a la estabilidad y al caos.19"

A fim de se opor, temporariamente, à ação inexorável da entropia, o homem tem a necessidade de aplicação, contínua e permanentemente, de forças antientrópicos (negentropia), tanto com relação à vida e a saúde, como no que tange aos processos administrativos e às máquinas e, mesmo, ao próprio sistema social global.

A Negentropia, cujos sinônimos são: neg-entropia ou anatropia, neguentropia (entropia negativa = entropia com o sinal invertido), contra-entropia, antientropia, ou ainda, entalpia, significa o movimento da energia no sentido de mais informação, maior organização, mais vida, saúde, progresso e aumento da complexificação, de um determinado sistema.    

Ao longo do processo evolutivo, os seres vivos, agindo uns sobre os outros, integrando o próprio ambiente ou ecossistema (biótopo e biocenose) mantém a sua transformação recíproca.

A interação e os conflitos entre os seres vivos e o ambiente - ambos, sistemas auto-organizadores, auto-reguladores e auto-reprodutores - direcionaram os processos da evolução e da diferenciação das espécies.

Num passado longínquo, chegou-se a fase de hominização, produzindo o homem, cuja dimensão espacial é o corpo e, temporal, a longevidade e a historicidade e, como ápice da evolução biológica, surgiu a consciência.

A origem da vida, a construção do código genético, os mecanismos da reprodução, todo o processo evolucionário, a diferenciação das espécies, a manutenção do equilíbrio dos organismos vivos (homeostasia), a aquisição dos mecanismos da consciência e da linguagem são processos negentrópicos.

Estes processos, direcionados pelas potencialidades ou “virtuosidades da própria matéria”, como preconizam autores materialistas ou mediante ações de uma grande consciência, preexistente, segundo propugnam outros (os idealistas) e, cuja controvérsia é a questão fundamental da filosofia, não discutida, aqui, até porque tal assunto se traduziria através da metáfora, expressa na pergunta:

“Qual dos dois surgiu primeiro: o ovo ou a galinha?”.

Todavia, se a organização da matéria, tanto como o surgimento da vida, tenha sido resultado de potencialidades ou virtuosidades intrínsecas da matéria e, inscritas no seu próprio âmago, como preconiza Engels ou, decorrentes da vontade e ações de uma consciência superior e transcendental, como postulam outros.

Pelo menos, com objetivos operacionais (e o fazemos neste trabalho), poderíamos atribuir a designação de Negentropia a essa “força” ou energia, a esse princípio ou poder organizador,  seja qual for sua origem, se endógena ou exógena, se intrínseco ou extrínseco, em relação à matéria.

A Negentropia seria uma força apta a representar a síntese de todas as modalidades de energia, sejam conhecidas ou desconhecidas, a qual teria presidido a organização da matéria e sua evolução “desde o mineral até a consciência”, na feliz expressão de Pierre Teilhard Chardin. 15

Com fundamento na lei de transformação da energia (uma modalidade desta pode ser transformada em outra), seria possível, ao menos, operacionalmente - e, para os fins específicos deste trabalho - considerar a Negentropia como um elemento unificador (síntese) de todas as modalidades de energia, conhecidas ou não.

Com referência ao surgimento da vida e ao curso da trilha da evolução, ao processo de hominização (antropogênese) e a sociogênese, não é possível precisar os seus limites, nem o futuro da humanidade e, nem mesmo, se cogitar a respeito, pois isto ultrapassa quaisquer possibilidades de previsão e, até de imaginação.

É esta ação negentrópica que reproduz e, conserva, ainda que, temporariamente, a vida dos animais e dos vegetais, promove a evolução biológica, assim como, mediante a sua expressão em trabalho humano, processa toda a organização e evolução social, científica e tecnológica, em contraposição aos inexoráveis efeitos da entropia.

“La vida es lucha contra la entropía. Esta lucha que es parte del fluir de la materia y la energía en el cosmos, se lleva a cabo en la naturaleza de la cual todo forma parte. Es posible que sólo se limite a nuestro pequeño planeta, que gira silenciosamente en el espacio infinito de una noche eterna. La energía del universo tiende a distribuir-se en todo el espacio en busca del equilibrio, de la mayor estabilidad, de la mayor dispersión y probabilidad posibles, lo que da lugar al grande desorden, a la mayor redistribución, al caos y la entropía máxima.20”      

Cada célula de um organismo multicelular constitui um sistema, situado no seu ambiente - o espaço intercelular - com o qual efetua intercâmbios de matéria, energia e informações,  estabelecendo uma luta constante contra a entropia e, mediante mecanismos cibernéticos de “feedback” procura manter o maior nível de homeostasia, permissível pelo seu potencial genético.

“En cada célula se resumen las tres funciones fundamentales de la materia viva que son: el metabolismo, la reproducción y la adaptación.  Cualquier sistema que metaboliza  y se perpetúa está compuesto por materia viva. Desde este punto  de vista, los virus son sistemas - compuestos de materia viva   - aun más simples que las células. Todas las funciones de la célula, como organismo compuesto por materia viva, significan movimiento, transformación, flujo y recambio constante de materia en el sistema para lo cual se requiere un aporte continuo de energía. Las funciones metabólicas son la nutrición, la respiración y la síntesis de compuestos; de ellas depende la integridad de la célula, como sistema, durante su lapso vital.21"

Ao longo do processo evolutivo, os seres vivos (sistemas auto-organizadores, auto-reguladores e auto-reprodutores), agindo uns sobre os outros, integrando o próprio sistema ambiental ou ecossistema (biótopo e biocenose),  mantém  a sua transformação recíproca.

Se considerarmos o ser vivente como tese e, o conjunto   espaço-temporal (ambiente e tempo) como antítese, a síntese será a vitória inexorável dessa dupla sobre cada ser vivo, resultando na morte (síntese).

É possível, entretanto, fazer outra assertiva, igualmente verdadeira, em que o par dialético - vida (tese) e morte (antítese) resulta na evolução (síntese), - colocando, pois, a própria morte, a serviço dessa evolução, caracterizando a Dialética dos Sistemas Vivos e a Dialética Cibernética, proposta pelos autores, o que pode ser expresso através do:

                   Princípio Tanatoteleonomia

            A morte é a resultante da predominância absoluta das ações entrópicas sobre as negentrópicas nos sistemas auto-organizadores e auto-reguladores e representa um dispositivo de retroação ("feedback") dos sistemas vivos, cuja teleonomia é possibilitar a manutenção da cadeia alimentar, do equilíbrio ecológico e o desenvolvimento do ciclo da matéria, restituindo-a ao estado de indiferenciação, como constituinte do sistema físico, além de assegurar o processo de diversificação das espécies, constituindo o motor  da evolução biológica.

No bojo deste Princípio estão contidos, ao mesmo tempo, fundamentos da dialética e da cibernética, cuja justaposição permitiu a proposta da Dialética Cibernética.

“Por medio de la oxidación los compuestos orgánicos  liberan energía y, a su vez, la oxidación significa envejecimiento y aumento de la entropía de dichos sistemas. La oxidación es necesaria para la vida y, al mismo tiempo, significa la muerte. En esto sentido, nos dice Laborit: “Resumiendo, las oxidaciones tendrán el envejecimiento por consecuencia. No es, pues, ilógico decir, que el oxígeno es el tóxico esencial a la vida... Se llega, pues, a un dilema: una forma de vida perfeccionada como la nuestra tiene necesidad de los procesos oxidativas y del oxígeno molecular; pero esos procesos son, sin duda, la origen del envejecimiento y de la muerte. La eternidad o la sumisión al medio, o la libertad y la muerte. En el punto de evolución biológica a que hemos llegado, es evidentemente difícil de imaginar una solución que nos permita conservar la vida y la libertad sin oxígeno.22"

A capacidade que tem o homem de atuar e transformar seu próprio sistema ou seu ambiente constitui trabalho.

O trabalho, tanto de natureza muscular como intelectual, corresponde ao movimento da matéria, energia e informações e constitui a base de toda atividade econômica.

Há uma constante transferência de entropia de um sistema para outro ou para o ambiente e vice versa.

O ser humano, igualmente a qualquer sistema biológico, sofre um desgaste ou deterioração ao transformar energia em trabalho, ocasionando, pois um aumento da entropia em seu organismo.

O homem, ao atuar sobre a matéria, a fim de transformá-la em objeto, acrescenta-lhe negentropia, diminuindo a entropia deste, enquanto a negentropia do corpo do trabalhador fica diminuída, em razão da transferência para o objeto trabalhado e, conseqüentemente, a entropia do organismo humano se torna aumentada.

Quando nem o equivalente da negentropia, despendido pelo corpo do trabalhador for reposto, mediante o salário recebido, se caracteriza a mais expressiva autêntica forma de “mais valia”.

Se o estado entrópico, decorrente do trabalho, não for neutralizado, mediante a reposição de negentropia, ou entropia negativa, resultará na fome, pobreza, miséria, doença e morte.

“Las enfermedades, tanto las físicas como mentales son... manifestaciones de entropía dentro del sistema-organismo-humano que tiende, en mayor o menor grado, a su caos o anarquía. La curación significa buscar los mecanismos de aporte energético que permitan el desequilibrio, ya que la muerte significa el equilibrio con el universo.23"

A referência supra, ao equilíbrio com o Universo significa  a involução da matéria viva até o seu nivelamento com a matéria inerte que corresponde à maioria da constituição do universo.

“La materia viva existente incluye una parte ínfima de la totalidad de la materia inerte que hay en el universo.24"

As ações de saúde correspondem a um conjunto de medidas, capazes de possibilitar a transferência de negentropia do ambiente (sistema de saúde) para o corpo da pessoa assistida, objetivando manter o desequilíbrio deste, com o Universo, já que o verdadeiro equilíbrio com a matéria inerte corresponde à morte.

O enfermeiro, o médico, bem como outros profissionais, situados no sistema de saúde, portanto no ambiente da pessoa assistida, transferem negentropia do sistema de saúde (ambiente) e, conseqüentemente, também, do seu próprio corpo, para o do  paciente, a fim de neutralizar ou minimizar a sua condição entrópica, correspondente ao  processo mórbido.      

“La medicina pretende mantener funcionando correctamente los mecanismos, que el mismo organismo humano utiliza, para permanecer diferenciado y en desequilibrio con el medio ambiente, para continuar vivo, y eliminar todo aquello que agrede y amenaza la integridad y la estructura del organismo.25”

Os processos de informação e comunicação contribuem para a diminuição da entropia no interior do sistema social, à custa do ambiente, cuja entropia é aumentada.

O aporte de negentropia no organismo humano e no sistema social, como um todo, corresponde a um aumento da entropia do ambiente.

“Los sistemas compuestos por materia viva (organismos e sociedad) negativizan su entropía “robándole” entropía negativa a sus alrededores, ya que así mantienen su orden y su desequilibrio ocasionando desorden e equilibrio en el medio que los rodea. Se introduce una cantidad de entropía negativa de fuera hacia a dentro del sistema compuesto por materia viva.26

A entropia dos sistemas vivos é neutralizada através da reposição de negentropia ou entropia negativa - expressões que se equivalem - mediante a sua extração do ambiente.

Há uma interação entre os sistemas vivos e o sistema ambiental, constituindo uma totalidade em que ambos se afetam mutuamente, correspondendo a um processo integrativo, em que um é parte do outro, formando, na realidade, um novo sistema de maior amplitude, de natureza mista: o sistema vivo/ecossistema.

Face à sua importância do antagonismo entre a Entropia e a Negentropia, o tema será complementado nos Capítulos VII - Cibernética dos Sistemas Vivos, VIII - Dialética dos Sistemas Vivos, IX - Dialética Cibernética e X - Sistemismo Ecológico Cibernético Informacional.

Os dois capítulos seguintes (XI e XII) relacionam e apresentam os enunciados dos princípios da perspectiva sistêmica ecológica cibernética informacional, que corresponde ao objeto precípuo deste livro.

O último capítulo (XIII) aborda um utópico sistema social que se convencionou designar como “Sociedade Cibernética” por enfatizar, sobretudo, a presença de mecanismos regulatórios, ou cibernéticos, passiveis de disciplinar uma sociedade equilibrada, aberta, democrática, humana, justa e integrativa, apta para garantir um padrão mínimo de qualidade de vida a todos os seus cidadãos. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPÍTULO V

1-      Morin, E. - O Método - 1. A Natureza da Natureza - 2a. edição - Portugal - Publicações Europa - America Ltda. -  Titulo Original: La Méthode - 1. La Nature da Nature -  France - 1977- Edition du Seuil.
2-      FRANCELIN, M.M. - A epistemologia da complexidade e a ciência da informação - Ciência da Informação - Ci. Inf. vol.32 no.2 Brasília May/Aug. 2003
3-      MORIN, E- in ibid (2)
4-      Ibidem.
5-      Ibid (2).
6-   IDATTE, P. - Chaves da Cibernética  - Trad. de Álvaro Cabral  - Rio de Janeiro. - Civilização Brasileira - l972.
7-      MORIN, E. - O Enigma do Homem  - 2ª ed. -  Trad. Fernando de Castro Ferro - Rio de Janeiro - Zahar Editores, 1979. p. 34/35.
8-      CLAUSIUS in GUILLAUMAUD, J. - Cibernética e Materialismo Dialético - Trad. do original francês “Cybernétique et matérialisme dialectique” por Juvenal Hahne Junior e Guilherme de Paula  - Rio de Janeiro -Tempo Brasileiro - 1970. p.113.
9-      CÉSARMAN, E. -  Hombre y entropía -  Editorial Pax-México S/A - Primera edición - México, D.F- Febrero de 1974. p. 273.
10-  Ibidem. p. 11.
11-  CHAVES. M.M. - Saúde e Sistemas - Rio de Janeiro - Fundação Getúlio Vargas - 1972.
12-  Ibid.  (9) p.274.
13-  CHAVES. M.M. - Saúde e Sistemas -  Rio de Janeiro - Fundação Getúlio Vargas - 1972.
14-  RAPP, H.R. in D’AZEVEDO, N. C. -  Cibernética e Vida - Ed. Vozes,  1972.
15-  D’AZEVEDO, M.M. -  op. cit. (9).
16-  DAVID, A - Cibernética e o Homem - Lisboa - Univ. Moderna - Publ. Dom Quixote, Lisboa, Trad. de Antônio Reis, Paris - Ed. Gallimard, 1970.
17-  Ibid. (9). p. 2.
18-  Ibidem. p.502.
19-  CHARDIN, P.T. - O Fenômeno Humano - Filosofia  e Religião - 16o. Volume - Porto - Livraria Tavares Martins. 1970.
20-  Ibid. (9) p.1.
21-  Ibidem. p.191.
22-  Ibidem. p.143.
23-  Ibidem. p.503.
24-  Ibidem. p.274.
25-  Ibidem. p.502.
26-  Ibidem. p. 274.


Todos os direitos reservados aos autores
copyright Ó by Edson N. Paim e Rosalda C.N. 

PREMISSA (Do livro "Teoria Sistêmica Ecológica de Enfermagem" - 2a. Edição)



PREMISSA

                                                                      Rosalda Paim

                     Vivemos em uma época em que ocorre uma verdadeira explosão ou avanços em todos os ramos do conhecimento. Daí surge a necessidade de conhecimento especializado, de vez que todo campo de estudo torna-se, dia a dia, mais complexo. Isto tem óbvias vantagens. Entretanto, isto torna a cultura de cada indivíduo, dia a dia, mais parcializante, conduzindo-o a uma percepção casuística da realidade e, comprometendo sua visão gestaltista, sistêmica, holística, global ou de conjunto. 

                     A abordagem do homem não constitui exceção, focalizado como objeto do conhecimento. Disseca-se, cada vez mais, sua estrutura anatômica, se desenvolve estudos histológicos, a sua fisiologia geral e específica (físico-química), incluindo a muscular, cardiovascular, respiratória, renal, neuro-hormonal e outras, atingindo níveis moleculares e iônicos. Investiga-se sua estrutura genética, o equilíbrio hidro-eletrolítico, ácido-básico, enfim, os seus níveis homeostáticos e, seu passado evolutivo. 

                    A necessidade de especialização vem conduzindo os ultra-especialistas a uma estrutura de conhecimento fragmentário que dificulta e distorce a percepção da realidade. 

                   Esta visão é, entretanto, compatível com o paradigma cartesiano-newtoniano, analítico, mecanicista e reducionista que norteou o desenvolvimento científico-tecnológico, inclusive a evolução da medicina e da enfermagem até os nossos dias. 

                  A enfermagem, no Brasil, embora tenha surgido no contexto da saúde pública, teve o seu desenvolvimento no âmbito da medicina, adotando desde logo o seu paradigma. 

                  Este consórcio permitiu, sem dúvida, o seu crescimento até determinado patamar, mas daí em diante, passou a constituir, até mesmo, um entrave, impedindo o crescimento da enfermagem e sua diferenciação como ramo autônomo do saber. 

                 Na verdade, o modelo médico se cristalizou consoante a visão mecanicista, cartesiano-newtoniana da realidade e, portanto fragmentária e parcializante. 

                 Como "divindade" tutelar a medicina, preferiu Panacéia a Higéia, centrando seus estudos nas especialidades médicas e na patologia, relegando a plano secundário os conhecimentos globais e a abordagem de natureza profilática. 

                 Esta perspectiva mecanicista, analítica, fragmentária, newtoniana-cartesiana e patológica, direcionou a medicina para os rumos das especializações e ultra-especializações, focalizada nos órgãos e na doença e, não no organismo e na saúde, centrada no trabalho pessoal e no paciente individual, voltada para a utilização de equipamentos, cada vez mais sofisticados, centrada na medicalização e mercantilização, relegando a plano secundário os contextos social e ambiental. 

                 Assim, os mesmos paradigmas que nortearam o avanço científico e tecnológico e o progresso da medicina, durante vários séculos, tendo atingido o ápice do ramo ascendente de sua trajetória, chegando ao seu apogeu e, agora, entrou na fase de declínio, estando prestes a se exaurir, por isto, precisam ser reciclados ou substituídos. 

                 Em conseqüência de uma nova cosmovisão, imposta pela física moderna, expressa pela teoria da relatividade (Einstein), pela teoria quântica (Max Planck), pelo do princípio da incerteza (Heisenberger e outros), acrescida de uma visão orgânica da realidade, oriunda dos avanços da biologia e da ecologia, tornando-se necessários que sejam efetuados profundos reajustes da perspectiva cartesiano-newtoniana. 

               O conhecimento médico e o modelo da medicina estão muito cristalizados e quase imunes ao processo de mudanças, mormente quando se necessita de uma verdadeira revolução no Setor de Saúde.

               O modelo biomédico vigente não serve mais, nem para a própria medicina, que busca incessantemente novos caminhos, novas alternativas, passíveis de reverter o quadro atual e retirá-la do impasse em que se encontra, pois desenvolveu uma prática assistencial de saúde, considerada pela maioria dos estudiosos do tema, como iníqua, ultrapassada e, mesmo, perversa. 

               Se já obsoleto para a medicina, tal modelo não pode continuar balizando o roteiro da enfermagem, sobretudo nesta etapa de sua evolução. Para se alçar à condição de ciência, a enfermagem precisa provocar uma ruptura com o paradigma newtoniano-cartesiano, buscar novos caminhos, inserindo-se na realidade do pensamento científico e das idéias sociais contemporâneas. 

               O “paradigma que propomos para a Enfermagem é expresso pela Teoria Sistêmica Ecológica Cibernética de Enfermagem”, desenvolvida a partir de 1967 e, constante de Tese de Livre Docência (Paim, 1974), designada então "Teoria Sistêmica de Enfermagem". 

              Esta teoria, em sua versão atual, está alicerçada em estudos teóricos e, em práticas e experiências profissionais, vivenciadas durante mais de meio século, em atividades de ensino, pesquisa e extensão (assistencial), utilizando o próprio modelo dos sistemas auto-oganizadores e auto-reguladores, como o dos seres vivos e dos ecossistemas naturais, portanto, mediante uma abordagem de natureza orgânica, não mecanicista, tendo sua base filosófica no Pensamento Sistêmico Ecológico Cibernético Informacional (Sistemismo Ecológico Cibernético Informacional), um construto, também de nossa autoria, de natureza multirreferencial e holística, elaborado com alicerce no Método Cientifico, na Física moderna, no Gestaltismo, no Sistemismo, na Cibernética, na Teoria de Informações, na Ecologia, na Fisiologia (Bioquímica e Biofísica), no Estruturalismo, no Funcionalismo, na Genética, na Teoria da Evolução, na Ciência da Administração, na Dialética, particularmente em uma Dialética dos Sistemas Vivos, além de fundamentado em outros ramos do saber, integrantes do pensamento científico contemporâneo, constituintes de uma nova cosmovisão que corresponde a aspectos de uma ruptura das fronteiras do conhecimento e interprete de uma linha de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade que representa uma busca na direção da possível unidade da ciência. 

               Nesta nova visão (holística) do universo, da vida, do homem (sistema humano), do ambiente, da sociedade, da saúde e da enfermagem, em que se percebe a doença, apenas, como uma intercorrência ao longo do processo vida (existência) e a saúde como um estado de equilíbrio (homeostasia) da relação de trocas de matéria, energia e informações entre o sistema humano e o seu ecossistema, o enfermeiro exercerá, em toda a plenitude, sua prática social característica, desempenhando sua função e papeis profissionais no afã de “assistir” e "cuidar" do ser humano em sua integralidade e inserido em seu contexto ecológico, como se encontra estipulado nos Princípios das Ações Simultâneas e de Adequação do Ambiente, abrangendo todos os estágios do ciclo vital, incluindo o instante da morte, transcendendo-a para alcançar o período pós-morte imediato, expresso pelo Princípio da Extrapolação do Ciclo Vital. 

                  Estes princípios são integrantes da Teoria Sistêmica Ecológica Cibernética de Enfermagem, objeto desta publicação. Para balizar a trajetória da enfermagem, na época presente e nos dias futuros, faz-se necessária a adoção de um sistema referencial próprio, cuja focalização constitui o objetivo deste livro.

terça-feira, junho 07, 2011

Big Bang - A Teoria do Big Bang




Conforme a teoria do Big Bang, a possível “explosão” deu origem ao universo
A busca pela compreensão sobre como foi desencadeado o processo que originou o universo atual, proporcionou – e ainda proporciona – vários debates, pesquisas e teorias que possam explicar tal fenômeno. É um tema que desperta grande curiosidade dos humanos desde os tempos mais remotos e gera grandes polêmicas, envolvendo conceitos religiosos, filosóficos e científicos.

Até o momento, a explicação mais aceita sobre a origem do universo entre a comunidade cientifica é baseada na teoria da Grande Explosão, em inglês, Big Bang. Ela apoia-se, em parte, na teoria da relatividade do físico Albert Einstein (1879-1955) e nos estudos dos astrônomos Edwin Hubble (1889-1953) e Milton Humason (1891-1972), os quais demonstraram que o universo não é estático e se encontra em constante expansão, ou seja, as galáxias estão se afastando umas das outras. Portanto, no passado elas deveriam estar mais próximas que hoje, e, até mesmo, formando um único ponto.

A teoria do Big Bang foi anunciada em 1948 pelo cientista russo naturalizado estadunidense, George Gamow (1904-1968) e o padre e astrônomo belga Georges Lemaître (1894-1966). Segundo eles, o universo teria surgido após uma grande explosão cósmica, entre 10 e 20 bilhões de anos atrás. O termo explosão refere-se a uma grande liberação de energia, criando o espaço-tempo.

Até então, havia uma mistura de partículas subatômicas (qharks, elétrons, neutrinos e suas partículas) que se moviam em todos os sentidos com velocidades próximas à da luz. As primeiras partículas pesadas, prótons e nêutrons, associaram-se para formarem os núcleos de átomos leves, como hidrogênio, hélio e lítio, que estão entre os principais elementos químicos do universo.

Ao expandir-se, o universo também se resfriou, passando da cor violeta à amarela, depois laranja e vermelha. Cerca de 1 milhão de anos após o instante inicial, a matéria e a radiação luminosa se separaram e o Universo tornou-se transparente: com a união dos elétrons aos núcleos atômicos, a luz pode caminhar livremente. Cerca de 1 bilhão de anos depois do Big Bang, os elementos químicos começaram a se unir dando origem às galáxias.

Essa é a explicação sistemática da origem do universo, conforme a teoria do Big Bang. Aceita pela maioria dos cientistas, entretanto, muito contestada por alguns pesquisadores. Portanto, a origem do universo é um tema que gera muitas opiniões divergentes, sendo necessária uma análise crítica de cada vertente que possa explicar esse acontecimento.
Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola


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domingo, junho 05, 2011

SISTEMISMO ECOLÓGICO CIBERNÉTICO (Edson Paim & Rosalda Paim)

EXTRAÍDO DO LIVRO

Sistemismo Ecológico Cibernético

Autores:

               Edson Paim 

                                   Rosalda Paim

Este livro trata de um paradigma de natureza abrangente, integrativa, holística - o Sistemismo Ecológico Cibernético - que corresponde ao Sistemismo ampliado, construído com alicerce em quatro pilares principais: Teoria Geral dos Sistemas, Cibernética, Teoria da Informação e Ecologia, constituindo-se, assim, uma metodologia de caráter multi-referencial. 

O primeiro capítulo trata do enfoque sistêmico ou Sistemismo, um quadro de referência, baseado na Teoria Geral dos Sistemas, de Lwidg von Bertalanffy. 

O segundo concerne à Visão Ecológica, aspecto que não deve ser negligenciado na abordagem de qualquer sistema, de natureza física, biológica, social ou tecnológica, pois todos eles inter-relacionam e interagem com o ambiente (ecossistema), através de contínuos intercâmbios de matéria, energia e informações entre ambos, afetando-se mutua e continuamente. 

O capítulo terceiro refere à abordagem sistêmica ecológica ou Sistemismo Ecológico, formado pelo acoplamento da Teoria Geral dos Sistemas e da Ecologia. O quarto capítulo aborda a perspectiva cibernética, fundamentada em um ramo do conhecimento, integrante da Teoria Geral dos Sistemas - a Cibernética - definida como a “ciência das comunicações, do comando e do controle, no homem, na máquina e na sociedade”. 

As virtuosidades da Cibernética são ampliadas, mediante a inclusão da Teoria da Informação, no seu bojo. 

O Capítulo quinto procura articular os conceitos Vida, Informação, Entropia e Negentropia e Sistemas Sociais, isto é, a entropia das organizações humanas. 

Entende-se a Entropia como uma tendência no sentido da desorganização e extinção dos sistemas, mas sobre a qual os seus podem exercer esforços no sentido oposto - ação negentrópica - com o fito de evitar sua desestruturação e finitude, objetivando alongar o seu período de existência ou até tentar perenizá-las. 

O sexto Capítulo trata da conjunção da Teoria Geral dos Sistemas, da Cibernética e da Teoria da Informação, ao que designamos Sistemismo Cibernético Informacional e que Morin refere como a “trindade profana”. 

A Cibernética dos Sistemas Vivos é enfocada no sétimo capítulo, referindo-se à existência de mecanismos de controle e de reajustes automáticos (“feedback”) nos organismos vivos e, o oitavo apresenta a Dialética dos Sistemas Vivos, porta de entrada para o nono - Dialética Cibernética, - contendo propostas dos autores, baseadas nos conflitos entre os sistemas e o seu ambiente (ecossistema) e, nos antagonismos existentes entre a entropia e seu par antagônico (dialético) - a negentropia - além de se fundamentar na oposição entre o calor e o frio, entre os processos de oxidação e redução, entre a saúde e a doença e, entre a vida e a morte. Entende-se a entropia como uma tendência universal, inexorável, para o resfriamento, nivelamento energético, para a mesmice, para a catamorfose, indiferenciação, incluindo a morte biológica ou física dos sistemas, enquanto que a negentropia (entropia negativa), representa uma contra corrente à lei geral da entropia. Guillaumaud, em seu livro que se intitula “Cibernética e Materialismo Dialético”, atesta o caráter dialético do mecanismo de retroação ou retroalimentação (“feedback”), um atributo universal dos seres vivos e um dos fundamentos da Cibernética, capaz de reforçar a nossa proposta de uma Dialética dos Sistemas Vivos e, de uma Dialética Cibernética. 

Os nove capítulos referidos, que se pretende estarem inter-relacionados, interligados, entrelaçados, integrados, como uma malha, uma rede, uma teia de idéias, fundamentos, conceitos e princípios, constituem o alicerce do Sistemismo Ecológico Cibernético - o Sistemismo ampliado - constantes dos capítulos X a XII. 

O capítulo seguinte - o décimo - Sistemismo Ecológico Cibernético e Sistemas Sociais refere a uma aplicação prática do paradigma sistêmico-ecológico-cibernético, abordando os sistemas sociais abertos, democráticos, cuja essência é a utilização de mecanismos de “feedback”, capazes de permitir o funcionamento equilibrado, harmônico, em toda a sua plenitude.

Este referencial possui um caráter abrangente, integrativo, holístico, elaborado segundo um paradigma que se inspira no modelo de organização dos seres vivos e dos ecossistemas naturais, sobretudo, na estrutura sistêmica do genoma humano e, no funcionamento cibernético do nosso cérebro, portanto, os atributos da consciência. 

Esta proposta dos autores, cujo objetivo inicial era servir de alicerce ou base filosófica para a Teoria Sistêmica Ecológica Cibernética de Enfermagem, elaborada por um de nós (Paim, Rosalda - 1974), em virtude da sua ampliação, resultou no Sistemismo Ecológico Cibernético, um referencial destinado a atender a propósitos mais amplos. 

  O paradigma sistêmico-ecológico-cibernético proposto é passível de aplicação a todo e qualquer sistema, seja de natureza física, biológica, social ou tecnológica, mercê destes possuírem, como denominador comum, os atributos universais dos sistemas, entre os quais:

1) - os sistemas são conjuntos de partes interligadas e inter-relacionadas, atuando conjuntamente, para a consecução de objetivo característico; 

2) - os sistemas estão inseridos no ambiente;

3) - a totalidade dos sistemas abertos efetua contínuas trocas com o seu ambiente imediato;

4) - Os intercâmbios entre cada sistema e o seu ambiente podem ser sintetizados como trocas contínuas e permanentes de matéria, energia e informações entre um e outro, afetando-se mutuamente, isto é, sofrendo, em conseqüência, influências recíprocas. 

Um determinado sistema, acrescido dos seus arredores, por sua vez, constitui outro sistema, de maior amplitude e, de natureza mista: o conjunto sistema-ambiente, que pode ser designado universo - com u minúsculo - para não confundir com Universo, o sistema cósmico. 

A Teoria Geral dos Sistemas e o Sistemismo Ecológico Cibernético podem ser aplicados tanto ao estudo de uma empresa, de automóvel ou do próprio ser humano, quanto de um município, de um estado, de um país, ou de qualquer um dos seus subsistemas, incluso o respectivo ambiente - também um sistema. 

O que os sistemas apresentam em comum é o fato de compartilharem de características como as de totalidade, abrangência, integralidade e inter-relacionamento entre suas partes integrantes e, de efetuarem intercâmbios de “matéria, energia e informações” com o ambiente. 

O fato de corresponderem a sistemas sintetiza os atributos comuns a todos eles, a menos que se o considere finito. 

O próprio planeta Terra e, mesmo o Universo inteiro, por constituírem sistemas, podem ser visualizados por este prisma, considerando-se, entretanto, que o Sistema Universal corresponde ao único sistema sem ambiente, pois não se pode conceber a existência de algo em seu redor.

Todos os direitos reservados aos autores
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