Hélio Fernandes numa abordagem sistêmica da eleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro
A imoral e complicada eleição do Rio
Quem é candidato, quem é protegido de quem?
A eleição do Rio, lógico, para prefeito, está sendo marcada pela infidelidade, deslealdade, traição e desprezo total pelos partidos ou as cúpulas que os controlam. Chamo a atenção do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para a questão. O ministro Marco Aurelio Mello, presidente do TSE, tem que ver o que está acontecendo, é muitíssimo mais grave do que a simples troca de partido.
O deputado federal Marcelo Itagiba, antes de se lançar candidato pelo PMDB, procurou o governador Sérgio Cabral, lógico, influentíssimo no partido, mas não majoritário. Perguntou: "Governador, o senhor vê algum inconveniente na minha tentativa de ser candidato a prefeito?" Resposta de Cabral: "Nenhuma, vá em frente".
Marcelo foi, obteve o apoio de 9 dos 10 deputados federais do PMDB, mais Anthony Mateus, Picciani, Eduardo Cunha e outros. Sérgio Cabral, vendo o crescimento dessa candidatura, imediatamente se movimentou. E apareceu com a proposta (que muitos "analistas" e jornalistas amestrados chamaram de "lançamento de candidato do PT") de apoiar o desconhecido Molon.
Antes disso, o PMDB e o DEM haviam assinado um acordo protocolo para 2008 e 2010. Os partidos apoiariam Solange Amaral (candidata de César Maia) para prefeita. Em troca, apoiariam Cabral para a reeeleição em 2010, com César Maia e Picciani para o Senado. Anthony Mateus, o mais forte de todos eleitoralmente, ficaria como opção para o que pretendesse.
Portanto, agora, a convenção estadual terá que se reunir para anular esse acordo e deixar Sérgio e Picciani livres para a "traição mais favorável a eles". Depois então farão a convenção municipal, com recurso para a nacional. Tudo no maior tumulto e confusão.
Paulo Ramos resolveu ser candidato pelo seu partido, procurou Miro Teixeira (eventualmente também no PDT), declarou sua intenção, perguntou o que Miro achava. Resposta: "Ótimo, Paulo, o PDT precisa de um candidato como você, não sou candidato". Agora, como Miro e Lupi se movimentam pela candidatura, Paulo Ramos me disse ontem, textualmente: "Miro Teixeira foi desleal, traidor e inconveniente". Ainda perguntei, como faço sempre: publico como declaração tua? E Paulo Ramos: "Com todas as aspas possíveis".
Marcelo Itagiba e Paulo Ramos falaram ontem pelo telefone, e conversarão hoje, no Rio. Importante. Marcelo se fortalece, Paulo Ramos está sendo procurado pelos insatisfeitos de tolos os partidos. Pergunto: "Paulo, você poderia ser vice do Marcelo?". E ele, com veemência: "Sou amigo do Itagiba, mas SOU CANDIDATO A PREFEITO até o fim".
Molon não cresce nem aparece. Foi usado por Cabral e Picciani, que pretendiam mostrar que Molon era apenas oportunista quando atacava os dois. Não tem chance. E se Marcelo Itagiba ganhar a convenção do PMDB, como ficam Sérgio e Picciani? "Trabalharão" por Crivela, não por convicção (que não têm), mas para preservar uma saída no caso de Jandira, Itagiba ou Paulo Ramos irem para o segundo turno. Tentarão levar Crivela para esse "pódio" quase impossível.
Nessa negativa de posições e até traição a eles mesmos, Gabeira não pode ser deixado de lado. Oposicionista, exilado, ativista e participante, contra a corrupção e tudo o mais, se alia logo ao PSDB do Rio? Que representa tudo que ele combateu? Não vai nem para o segundo turno. Além de não ter votos, o PSDB tira os poucos que Gabeira tem, nunca disputou eleição majoritária, diferente. Quem vê ou fala com Gabeira, vê um homem desanimado, com expressão corporal de abandonado e derrotado.
PS - Há 6 meses escrevo sobre a eleição do Rio conversando com quase todos, excluídos alguns com quem tenho vergonha e constrangimento. Ainda escreverei muito. Fica faltando Jandira Feghali, que trabalha intensamente e pode chegar ao segundo turno. Se chegar, não perde.
Ayres BritoCarlos Alberto pediu "vista" na questão das células-tronco. Relatado por 4 ou 5 ministros (um deles Ayres Brito), vote sem ler, Carlos Alberto, está votando direito. |
Já disse aqui, logo que o ministro Carlos Alberto Direito pediu "vista" do caso das células-tronco-embriões. "Como ele só tem 4 anos e meio no Supremo, pode ficar com o processo até o fim". Depois, Gandra Martins "insinuou" que ele entregaria no final do ano. Agora, o próprio ministro diz, "estou estudando e consultando especialistas". Para quê?
Depois do voto magistral de Ayres Brito (uma hora e meia de sabedoria), ninguém podia pedir "vista". Ou se pedisse, ficaria constrangido se não entregasse em uma semana.
O Congresso caiu muito em todos os sentidos, até na linguagem. Ontem, o senador Sérgio Guerra, que estenta o pomposo título de presidente do PSDB, falava sobre o dossiê. E dizia: "Isso é conversa para boi dormir". Já ouvi discursos mais consistentes.
O presidente Garibaldi não presidia a sessão, teria reclamado. Seu mandato termina em janeiro de 2008. Como foi eleito em substituição, e vem dirigindo o Senado muito bem, já existem os que defendem que seja eleito até 2010.
Provavelmente a oposição viria do DEM, liderado pelo senador Agripino Maia. Os dois serão candidatos à reeeleição em 2010, têm tudo para se reelegerem. Só falta a definição da governadora do Rio Grande do Norte.
Dona Ideli Salvatti corre seríssimos riscos de não se reeleger por Santa Catarina em 2010. Ela monopoliza a antipatia e o histerismo. Se fosse mais comedida, melhoraria.
O segundo suplente de senador Paulo Duque ocupou indevidamente a tribuna do Senado e afirmou sem constrangimento: "Até agora, no Brasil todo, morreram 84 pessoas de dengue, não é uma epidemia".
Quem é Paulo Duque, o que significa como "representante sem votos"? Que cargos ocupou e de onde vem? Ninguém sabe. Eu sei por que "cobri" a Constituinte de 1946, ele carregava a pasta do senador Arturzinho Bernardes. Melhorou muito.
A queda de José Serra, que bateu com a cabeça no chão, me lembrou uma antiga e genial apreciação do Millor, sobre uma queda.
A professora perguntou à aluna como se chamava a queda de uma pessoa. A aluna respondeu: "Caiu PROSTITUÍDA no chão".
A professora corrigiu. Acrescento: Serra caiu PROSTRADO. Já Orestes Quércia cairia realmente PROSTITUÍDO. Serra se levantou, Quércia não se levantaria.
Agora que o crédito é fácil, compre seu carro, grande utilidade. Verifique bem os juros e as mensalidades. Ao fazer o seguro, olhe bem a seguradora, 80% não têm a menor credibilidade ou respeito.
E faça apenas seguro contra ROUBO ou PERDA TOTAL. O resto a seguradora COME. Qualquer batida, a franquia impede devolução ou pagamento, você mesmo é que paga. E os seguros são caríssimos.
Cuidado com as empresas (corretoras, bancos, fundos, etc.) que recomendam "comprar ações, investir na bolsa".
Esse é realmente investimento lucrativo, mas para profissionais, que jogam sabendo o que vai acontecer, como diretores de bancos. A CVM assiste.
Os juros nos EUA continuarão sendo reduzidos, quaisquer que sejam as perspectivas. No Brasil podem subir, também quaisquer que sejam as expectativas ou acontecimentos.
O melhor que se pode esperar é que as taxas (11,25 no momento) fiquem estáveis. Nos próximos 4 meses não admita nem invista esperando redução dos juros. Não acontecerá.
O plano de Serra, que está em andamento através de auxiliares do governador, sem a sua participação direta ou pessoal, tem três fases. É um projeto planejado contra Alckmin.
1 - Negar legenda ao ex-candidato a presidente, com esta suposta e repetida alegação: "Kassab é aliado de Serra, foi seu vice em 2004, e o governador tem total confiança nele".
Se o "compromisso" do governador é com Kassab para manter a palavra, então por que não apoiar Alckmin?
Este é do seu partido, foi governador e candidato a presidente da República, era intimíssimo de Covas, falta o quê?
2 - Se Alckmin obtiver a legenda do PSDB (que já obteve o maior número de vezes), como agirá Serra? Trabalhará pela vitória do amigo, abandonando o correligionário.
3 - Sem máquina e sem Poder, Serra tentará impedir Alckmin de ser governador em 2010. Como terá que sair 6 meses antes da eleição, passará o cargo ao ex-stalinista Goldman.
Que terá o apoio de Serra para enterrar de vez Alckmin.
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O assessor especial (?) do presidente Lula, Marco Aurelio, errou muito em todos os 5 anos do governo Lula. Finalmente tinha que acertar uma. Chamou César Maia de IRRESPONSÁVEL, essa é uma palavra que não se separa dele.
Com uma única exceção. A forma como Eduardo Cunha classifica e identifica o alcaide na televisão. Essa é ainda mais verdadeira.
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O Esportv (NET) compra tanto programa (para os outros não comprarem), não pode mostrar, prejudicando o assinante. Ontem, exibiram uma das quartas do Master de Tênis de Miami, às 2 e 10 da madrugada. E ainda tiveram a audácia de dizer "AO VIVO". O jogo havia se realizado às 7 da tarde, horário de Miami, passaram de madrugada. Depois reclamam da queda de audiência.
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As Farc, que já foram idealistas, mudaram para seqüestradores-narcotraficantes, deveriam soltar imediatamente a ex-senadora Ingrid Betancourt. Correm sérios riscos. Se a ex-senadora morrer (dizem que seu estado é gravíssimo), a repercussão contra eles será colossal
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