A crise da economia norte-americana ainda não adquiriu o caráter sistêmico, apesar de deterioração ocorrida no último mês
16/04/2008 - 20h28
Relatório do Fed indica deteriorização no último mês nos EUA
Washington, 16 abr (EFE).- A economia americana se deteriorou no último mês, em um cenário caracterizado por um mercado de trabalho debilitado, uma desaceleração na procura por créditos e um setor residencial que não consegue se reerguer, conforme apontou o Federal Reserve (Fed, banco central americano).
A constatação foi feita no "livro bege" do Fed publicado hoje, que revisa a situação econômica do país.
O documento, elaborado a partir dos dados recopilados pelos 12 bancos que formam o sistema do Fed, indica que nove distritos observaram uma desaceleração no ritmo da atividade econômica, enquanto os três distritos restantes qualificaram a situação econômica como "mista ou estável".
A despesa dos consumidores foi outro indicador que desacelerou na maior parte do país, com alguns distritos advertindo para quedas nas vendas no varejo e de automóveis.
Em contrapartida, o setor de turismo se manteve "forte", em linhas gerais, com um aumento notável de visitantes estrangeiros em alguns distritos.
Em relação aos serviços não financeiros, o Fed observa que o panorama varia de acordo com cada distrito.
Assim, a demanda de serviços de transporte foi "geralmente" fraca no último mês para a maior parte das regiões, enquanto os serviços de empresas e de saúde "continuaram crescendo".
A situação da indústria manufatureira também variou dependendo dos distritos.
Assim, alguns observaram um "ligeiro" aumento da atividade e vários apontaram que a produção foi "mista ou estável".
Os relatórios dos 12 bancos assinalaram que o mercado imobiliário e de construção tiveram um comportamento fraco, sobretudo no setor residencial.
O setor imobiliário comercial também experimentou a crise econômica vivida pelos EUA registrando desaceleração, assim como o mercado de locação.
As instituições financeiras em muitos distritos registraram uma demanda menor de créditos para o consumo devido às cada vez mais estritas condições para consegui-los, e um aumento no risco dos ativos.
Do lado positivo, se encontra o setor agrícola, que "melhorou sua situação" e a indústria energética, que é "robusta", segundo o relatório.
O mercado de trabalho, no entanto, está ainda mais debilitado, desde o último relatório do Fed, embora alguns distritos tenham registrado uma falta de mão-de-obra qualificada e outros constataram "pressões" sobre os salários.
O relatório ressalta o desafio enfrentado pelo Fed para ajudar a economia americana, que passa por sua maior crise financeira desde a Grande Depressão, em 1929.
O documento servirá de guia ao Comitê de Mercado Aberto do Fed, que avaliará em sua próxima reunião a possibilidade de alterar o valor da taxa de juros do país.
A gravidade da crise ficou evidente nas palavras do presidente do Fed, Ben Bernanke, que reconheceu no dia 2 de abril que a economia americana passa por um período "muito difícil" e que era possível uma recessão.
UOL
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