domingo, maio 04, 2008

SISTEMISMO ECOLÓGICO CIBERNÉTICO

A fusão do enfoque sistêmico com a visão ecológica constitui a abordagem sistêmico-ecológica, a qual, acrescida da perspectiva cibernética, se transforma no referencial sistêmico ecológico cibernético ou Sistemismo Ecológico Cibernético.

O enfoque sistêmico constitui uma maneira abrangente, integrativa, holística de visualizar a realidade ou, alguns dos seus aspectos, sob o prisma da Teoria Geral dos Sistemas, percebendo o Universo como um sitema e integrado por sistemas, ou seja, constituindo um Universo sistêmico.

A visão ecológica é a abordagem de qualquer sistema sob o prisma da Ecologia, isto é, incluindo no estudo dos sistemas, também as suas relações ecológicas: o seu relacionamento com o ambiente em que está inserido.

A perspectiva cibernética enfoca a realidade, equivale dizer, os sistemas que a integra, sob o os cânones da Cibernética, portanto, sob o ângulo das suas condições de controle e de equilíbrio.

O Sistemismo Ecológico Cibernético adota como paradigma o modelo dos organismos vivos e dos ecossistemas naturais, cuja estrutura é de natureza sistêmica, enquanto seus relacionamentos com o ambiente, isto é, suas relações ecológicas se expressam como um conjunto de contínuos e permanentes intercâmbios de "matéria, energia e informações", tudo controlado por inúmeros dispositivos de retroalimentação ou "feedback" negativo que buscam, incessantemente, a manutenção do seu estado de equilíbrio, de homeostasia ou "stead state", o que caracteriza a sua fisiologia ou funcionamento cibernético.

A estrutura sistêmica, aliada às relações ecológicas e ao funcionamento cibernético destes organismos, correspondem, portanto, aos três elementos constituintes do referencial sistêmico ecológico cibernético, o que justifica a sua designação - Sistemismo Ecológico Cibernético, - cuja amplitude, abrangência e alcance são maiores que os de cada elemento componente, quando considerado em separado, emprestanto-lhe maior aptidão para a abordagem da totalidade dos sistemas, constituintes do Universo.

A Cibernética, "a ciência das informações, do comando e do controle, no homem, na máquina e na sociedade", poderia ser, de uma maneira simplificada, considerada como a ciência que estuda os sistemas dotados de dispositivos de retroação, retroalimentação ou “feedback” ou, mesmo, como a própria ciência do “feedback”.

O primeiro dispositivo de “feedback”, que surgiu, aproximadamente em 1780, foi o regulador de Watt, utilizado há mais de dois séculos, mas ninguém percebeu que, bem distante de ser considerado como um “dispositivo simplesmente engenhoso”, ele continha em si mesmo, o germe de uma autêntica revolução.

“Larousse define: Regulador, órgão que regulariza o movimento de um mecanismo. Pode-se generalizar a formula. Em lugar da palavra “movimento” escrevamos “funcionamento” e usemos “mecanismo” como se deve, nos dois reinos, artificial e natural. Então, ao definirmos materialmente a regulagem de uma função natural não teremos de golpe, tocado em uma das matérias da vida? ... Para o compreender foi preciso esperar que a escola cibernética mostrasse a virtude do “feedback.2”

O “feedback” representa a um mecanismo de retroação, retroalimentação, autocorreção ou auto-regulação.

“Feedback”? É um termo da linguagem radiofônica. Significa “alimentar o inverso”. Em francês, os radioeletricistas dizem: “couplage rétro-actif” ou mais comumente “reation” A primeira expressão é um pouco longa; quando à reação, trata-se de uma palavra um tanto vaga que pode ser aplicada a outros dispositivos. Por isso, ficamos com “feedback” já de uso geral. Usaremos “retroação” para generalizar a noção e dar a este termo seu sentido lógico: ação de um efeito sobre um dos seus fatores. Orgulhosos do que a cibernética tira à sua técnica e ao seu vocabulário, alguns radiotécnicos encolhem os ombros ante a manifestação da nova ciência: “Nós já fazemos isso há muito tempo!“ De acordo! Mas como aconteceu com Watt, e seus sucessores, não usaram eles princípios cuja importância teórica nunca viram. Sim, eles tinham, sem o saber, soluções para problemas apresentados por muitas ciências, inclusive a metafísica. 3”

O “feedback” é um dispositivo de autocorreção que permite a uma máquina ou outro organismo, inclusive os seres vivos, regularem o seu funcionamento ou sua ação pelo jogo dos desvios desta mesma ação. É a autocorreção ou a correção de qualquer sistema, mediante a utilização do próprio erro.

“O esquema desse funcionamento pode ser percebido nas operações mais simples feitas por um ser humano. Se, ao ver um objeto em certa direção (ou seja, ao receber dele uma mensagem visual) eu estendo o braço para pegá-lo e erro a direção ou a distância, logo a informação desse erro retifica o movimento de meu braço e permite que eu o dirija exatamente para o objeto: tanto a operação como a correção da operação, neste caso, são guiadas por mensagens, ou seja, por informações recebidas ou transmitidas pelo sistema nervoso que dirige o movimento do braço. Por isso, a Teoria da Informação é parte integrante da Cibernética, ou de qualquer modo, está estreitamente ligada a ela. Na Cibernética, também podem ser distinguidos os seguintes aspectos: 1o. Esquema geral da informação; 2o. medida da quantidade de informações; 3o. condições que possibilitam as informações; 4o. objetivos da informação. ”

A Cibernética, além de constituir a ciência específica dos sistemas retroativos (auto-reguláveis), manisfesta, com propriedade, a idéia de movimento, processo, nudanças e transformações, sendo capaz de refletir a concepção dinâmica do Universo, já expressa por Heráclito.

Em virtude da utilização do mecanismo ou dispositivo de retroação ou “feedback”, alguns autores atribuem a esta ciência características dialéticas, o que permite considerar, a Cibernética e a Dialética, disciplinas afins e complementares.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- CHAVES, M.M. - Saúde e Sistemas - RJ - Fundação Getúlio Vargas, l972 p.2.

2- BERTALANFFY, L. von - Teoria Geral dos Sistemas - Petrópolis - Ed. Vozes - l973.

3- LATIL, P. - O Pensamento Artificial - Introdução à Cibernética - 3a. ed. - Trad. de Jerônimo Monteiro - São Paulo - Ibrasa - Instituição Brasileira de Difusão Cultural -1959. p. 58/59.

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