SISTEMA AMERICANO DE NAÇÕES:
CÚPULA DAS AMÉRICAS DEVE ENCERRAR EM CLIMA DE RECONCILIAÇÃO, MAS SEM CONSENSO
da France Presse, em Port of Spain (Trinidad e Tobago)
da Folha Online
Os 34 líderes das Américas reunidos em Port of Spain (Trinidad e Tobago) encerram neste domingo a quinta reunião continental, dispostos a abrir um novo capítulo em suas relações, mas o embargo dos Estados Unidos contra Cuba ainda ameaça a declaração final do encontro.
Ontem, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que os países da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) não assinarão a declaração final cúpula. O grupo afirma que a declaração final da cúpula "não dá resposta à crise econômica global" e que Cuba foi "injustificadamente" excluída, desconsiderando a rejeição dos países latino-americanos e do Caribe ao embargo americano contra o país caribenho.
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Esta seria a primeira vez na história destas reuniões, iniciadas em 1994 em Miami, que um grupo de países vetaria em bloco uma declaração final. Neste caso, as possibilidades seriam a assinatura pelos demais países ou a não apresentação de um texto final.
Mesmo assim, a reunião serviu para que o presidente americano, Barack Obama, se aproximasse, em sua primeira participação no evento, de países com os quais as relações dos Estados Unidos estavam abaladas. Na sexta-feira (17), Obama apertou as mãos de Chávez, do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e do presidente da Bolívia, Evo Morales --três fortes críticos do governo norte-americano.
Chávez ontem presenteou Obama com o livro "As Veias Abertas da América Latina", que trata da retirada dos recursos naturais que o continente sofreu entre o século 15 e o final do século 20. Ele ainda se reuniu com a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, para discutir formas de normalizar as relações diplomáticas entre os dois países e disse estar "disposto a dialogar" com a Casa Branca.
Cuba
O conselheiro econômico de Obama, Lawrence Summers, disse em entrevista à rede americana de TV NBCque acabar com o embargo a Cuba "não é uma tarefa para amanhã", apesar da suavização sem precedentes na retórica entre os dois países.
"Isto não é para amanhã, e isto dependerá do que fará Cuba, do que Cuba vai fazer daqui por diante", disse --posição que foi reiterada pelo porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs. Ele afirmou que é preciso "mudar a política" em direção a Cuba, e que já foram dados passos para conseguir isso.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse durante um encontro com Obama que é "difícil imaginar" uma próxima Cúpula das Américas sem a presença de Cuba. Chávez chegou a propor que a próxima edição da cúpula aconteça em Havana (capital de Cuba).
Conciliação
Apesar das divergências sobre a declaração final, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, disse ontem que a cúpula foi "útil e positiva".
Os líderes presentes no evento participaram em três sessões plenárias centradas na prosperidade, energia e governabilidade democrática. Além disso, Obama e os presidentes sul-americanos se reuniram e demonstraram a intenção de retomar um diálogo direto, com respeito mútuo.
Hoje, Obama afirmou que quer ser um "sócio efetivo" da América Central, em uma reunião com presidentes de países da região, que aconteceu à margem da cúpula.
Obama afirmou aos líderes do Sica (Sistema de Integração Centro-Americana) que está buscando "ouvir mais ideias sobre como os Estados Unidos podem ser um sócio efetivo". Segundo ele, a América Central foi um "sócio crítico" com o qual os Estados Unidos compartilha uma "longa história de relações".
Durante o encontro, os presidente apresentaram a Obama questões sobvre temas como imigração e narcotráfico. O presidente americano conversou inclusive com o chefe de Estado da Nicarágua, Daniel Ortega, um de seus mais ferrenhos detratores no subcontinente.
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