Presidente do PSB diz que resistência do PT em Belo Horizonte atrapalha aliança nacional
EGIANE SOARES
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos (PE), admitiu nesta sexta-feira que a resistência do PT à aliança com o PSDB em torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB) para a Prefeitura de Belo Horizonte (MG) poderá "arranhar" a união do PSB com os petistas em nível nacional. Campos, no entanto, tentou minimizar a intransigência do comando nacional do PT para formalizar a aliança com os tucanos e o PSB em Minas.
"De forma franca, isso não ajuda [a coligação nacional]. Mas é a hora do povo de Belo Horizonte falar, elegendo Márcio Lacerda, que é a vontade do governador Aécio Neves [PSDB-MG], do prefeito Fernando Pimentel [PT] e do presidente Lula. Quando o povo fala, os políticos aprendem", disse.
Na opinião do presidente do PSB, a aliança "informal" do PSDB, PT e PSB vai se impor à formalidade negada pelos petistas. "Entre o formal e o conteúdo, o importante é o conteúdo. Todos vão estar juntos na hora que forem às ruas. O povo está a favor da aliança."
Campos disse que as divergências entre os partidos "ficam reduzidas quando a aliança tem apoio do presidente Lula". O governador, que nos bastidores fez sucessivos apelos para Lula intervir no PT em prol da aliança em Belho Horizonte, negou que seja função do presidente convencer o comando do partido a aderir à união com os tucanos.
"Não cabe ao presidente interferir na vida do PT. A direção nacional do partido sabe a posição do presidente Lula. Ao longo do processo, sempre conversamos com o presidente. Respeitamos a posição [do PT], mesmo sem compreender essa decisão", disse o governador.
Nos últimos dias, Aécio e Campos vêm costurando o apoio do presidente Lula na tentativa de sensibilizar o PT para ceder à aliança com os tucanos. Campos chegou a lembrar que o PSB aceitou apoiar candidatos petistas em São Paulo e Salvador, num claro sinal de que esperava a reciprocidade petista em Belo Horizonte.
O PSDB chegou a adiar a convenção do partido para segunda-feira na expectativa de que Lula possa costurar, até lá, um acordo com Ricardo Berzoini, presidente do PT, que viabilize a aliança formal entre tucanos, petistas e o PSB em Belo Horizonte.
Veto
Na semana passada, a Executiva Nacional do PT ratificou o veto à aliança do partido com o PSDB em Minas Gerais. O comando petista rejeitou o recurso encaminhado por Aluísio Marques, do Diretório municipal do PT, que apelou à Executiva para rever a proibição de parceria com os tucanos. A Executiva também negou o pedido de intervenção preventiva no Diretório municipal --encaminhado por Rogério Correia e Sumara Ribeiro que alegavam que a ordem de veto à parceria tucana não está sendo obedecida pelos petistas de Belo Horizonte.
Os membros da Executiva consideraram a intervenção desnecessária, uma vez que foi mantida a ordem de veto à eventual parceria do PT e PSB com o PSDB, com vinha sendo pleiteado pelo grupo do prefeito Fernando Pimentel.
Desde o final do ano passado, o governador Aécio Neves (PSDB) e Pimentel articulam a chapa liderada por Lacerda, tendo como vice Roberto Carvalho (PT). Mas o comando nacional do PT determinou o veto à parceria com o PSDB sob a alegação que a negociação teria repercussão nacional.
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