COMO LULA, TUCANATO INCHA A MÁQUINA PUBLICA EM SÃO PAULO
Ordem Serrada/Chico Quintas Jr.
Em matéria de pessoal, o princípio seguido pelo PSDB em São Paulo, principal vitrine do partido, baseia-se num velho lema: "Faça como eu digo, não como eu faço".
Crítico contumaz da polícia funcional expansionista adotada por Lula na esfera federal, o tucanato mimetiza o presidente em São Paulo.
Deve-se a comparação ao repórter Gustavo Patu. O cotejo de dados resultou em reportagem pendurada na manchete da Folha desta segunda (19).
Apurou-se o seguinte:
1. Desde 2003, máquina do Executivo de São Paulo ganhou 33 mil novos servidores ativos. Nesse período, o Estado foi gerido pelos grão-tucanos Alckmin e Serra.
2. Considerando-se os três Poderes do Estado, as despesas com o funcionalismo de São Paulo foram tonificadas por reajustes dados às principais carreiras.
3. Incluindo aposentados e pensionistas, a conta anual da folha salarial de São Paulo subiu 19%. Em 2008, bateu em R$ 43,1 bilhões.
4. O repórter deparou-se com diferenças metodológicas que dificultam a comparação precisa entre a política de pessoal do PT-Brasília e do PSDB-SP.
5. A despeito disso, verificou-se que não há divergência na linha seguida por Lula e pela dupla Alckmin-Serra.
6. Sob Lula, interrompeu-se o processo de enxugamento de pessoal que Collor iniciara e que FHC aprofundara.
7. Desde que tomou posse, em 2003, Lula elevou em 12% o quadro de servidores ativos do Executivo. Em julho passado, os funcionários eram contados em 548,2 mil.
8. Tomado pelo boletim estatístico do governo de São Paulo, o crescimento do quadro de servidores do Executivo paulista foi de 14%.
9. O tucanato alega que o critério de quantificação foi modificado em 2007. Guiando-se pela nova metodologia, a gestão Serra diz que a elevação foi de 5%.
10. Depois de escarafunchado pelo repórter Patu, o boletim dos 14%, que se encontrava disponível no sítio mantido pelo governo de São Paulo na web, sumiu.
11. A assessoria de imprensa da Secretaria de Gestão Pública de Serra atribuiu o sumiço à necessidade de rever os dados e uniformizar os critérios.
12. Na União, as despesas com pessoal são computadas com metodologias distintas das adotadas em São Paulo. A despeito disso, a comparação é incontornável.
13. Considerando-se os três Poderes federais –Executivo, Judiciário e Congresso–, a elevação dos gastos foi, sob Lula, 30% acima do IPCA. Bateu em R$ 144,5 bilhões.
14. Tomando-se apenas os gastos com o Executivo, a diferença entre Lula e Alckmin-Serra é praticamente inexistente: até 2008, 15% na União e 14% em São Paulo.
15. São Paulo e Brasília igualam-se também nas desculpas. Os governos federal e paulista alegam que o funcionalismo não cresceu a esmo.
16. O secretário de Gestão Pública de Serra, Sidney Beraldo, diz que, em São Paulo, o crescimento do quadro beneficiou especialmente as áreas de educação e segurança pública.
17. O secretário de Gestão do Ministério do Planejamento de Lula, Marcelo Viana de Moraes, informa:
Na seara federal os setores que mais ganharam novos servidores foram –tchan, tchan, tchan, tchan...— educação e segurança.
18. Submetido a essa coleção de dados, o poeta Gonçalves Dias talvez dedicasse um verso aos tucanos que alfinetam Lula no Congresso sem olhar para o bico grande de São Paulo:
“As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”.
Escrito por Josias de Souza às 05h00
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