quinta-feira, março 05, 2009

Delcídio critica Zeca, elogia André, defende aliança com PMDB

Midiamax

O senador Delcídio do Amaral (PT), em entrevista hoje pela manhã na rádio FM Capital, sinalizou que está decidido a ir para o confronto com Zeca pelo comando do PT e que prefere uma aliança nacional com o PMDB em torno das candidaturas da ministra Dilma Roussef para a presidência da República e de André Puccinelli ao governo do Estado. “O alinhamento é natural, não tenho dúvida nenhuma. O presidente Lula vê o governador André como um homem alinhado com o projeto do PT, com o projeto do presidente”, disse o senador.
Sabedor que esse posicionamento não é unanimidade no PT, que em reunião do diretório no mês passado decidiu que terá candidato próprio ao governo, Delcídio deixou claro que o caminho será o confronto pelo comando do partido nas eleições internas que acontece em novembro. Zeca pretende presidir o partido, e também deixa claro que prefere o confronto ao entendimento. O ex-governador desmarcou reunião com Delcídio, que deveria acontecer nesta semana, em Brasília.

Entretanto, declarações do ex-governador feitas na imprensa, no início da semana, com críticas pesadas a Delcídio, serviram como recado de que o encontro não aconteceria. “Acabou não acontecendo por WO”, brincou o senador, comparando política com futebol.

A atitude de Zeca irritou, inclusive, antigos aliados. O deputado estadual Paulo Duarte, interlocutor recorrente do ex-governador e que intermediava o diálogo entre as duas lideranças, parece ter cansado do jogo. Repreendeu Zeca pela mesma via. Mereceu elogios de Delcídio. “[Paulo Duarte] tem uma leitura clara da importância da união do PT, sabe que é fundamental para garantir a harmonia dentro do partido. O PT unido é muito forte”.

A harmonia virá naturalmente, emenda o senador, “mesmo havendo disputa”. Com isso Delcídio deixa claro que o caminho, agora, é o confronto. O futuro do PT dependerá de quem vencer as eleições internas. “Eu acho que em função dessa instabilidade, dessa mudança de rumo, não tenho mais tempo a perder. Vamos nos organizar, fazer a disputa de uma forma correta. Já perdemos muito tempo”, disse. Em outro momento da entrevista, chamou a proposta de “pacto interno”, feita pelo deputado estadual e atual presidente regional do PT, de “eufemismo”. “Temos que acabar com isso”, completou.

PMDB

O futuro do PT seguirá o desenho de quem vencer a disputa interna. Se o grupo de Delcídio vencer, a probabilidade é de que o partido caminhe para uma aliança pela reeleição de André Puccinelli, desde que o PMDB feche apoio a Dilma Rousseff (a virtual candidata do partido) para a presidência da República. Se isso não acontecer, o PT teria candidato candidato ao governo, mas não seria Zeca. O senador voltou a citar o ex-prefeito de Dourados, Laerte Tetila, como uma opção.

Se o grupo de Zeca vencer, ainda assim sua candidatura não é garantida, embora fique mais próximo de isso acontecer. O projeto nacional do partido ainda é mais forte e pode impor uma aliança regional com o PMDB. No caso de uma vitória de Zeca nas internas do partido, a vaga de Delcídio ao Senado continua garantida. Só não se sabe como as duas lideranças sustentariam uma campanha eleitoral sem harmonia.

Recado

Delcídio sugeriu, ainda, que a mudança repentina de posicionamento de Zeca possa ter relação com a estada na Granja do Torto. O presidente Lula teria deixado claro ao ex-governador que sua prioridade é uma aliança com o PMDB e nesse contexto, o PT deveria apoiar a reeleição de André. “Hoje a gente começa a entender o porquê dessa mudança repentina. Muito provavelmente um diálogo alinhado com o projeto nacional em que o PT opera junto com o PMDB.”

O senador foi além, disse que “um passarinho de grande visibilidade nacional” teria lhe contado que a conversa de Lula e Zeca teria sido nessa linha. Ficou claro que o confidente de Delcídio é o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Ele recebeu Lula e Zeca no camarote do governo do Rio, no Sambódromo, na noite de 22 de fevereiro.

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