O que funciona na China é uma economia de mercado subordinada ao comando de um regime socialista bastante forte (Félix Nunes)
Olimpíadas revelam a grande mudança chinesa
* Por Félix Nunes
Hospedeira da Olimpíada de 2008 (a maior da história como está sendo chamada), a China começa a ter suas particularidades reveladas universalmente, nas quais se incluem certos aspectos político-econômicos de seu sistema de governo, até hoje pouco conhecidos no mundo. Por exemplo, os crimes de caráter econômico, cometidos por agentes públicos/privados, lá são punidos com pena de morte. A última execução de que se tem notícia, aconteceu em Pequim há três anos e meio.Os executados foram quatro membros do governo, acusados de um desvio de verbas estimado em 15 milhões de dólares. A punição radical a corruptos é prevista no código penal chinês.
Pioneira em descobertas fundamentais para humanidade, como a pólvora e impressão tipográfica, a China continental (em dimensão geográfica e populacional, com quase um bilhão e meio de habitantes) é também um exemplo no que concerne a sistemas político-sociais. A partir dos anos 1980, quando os EUA-- capitaneando um capitalismo ainda em forma selvagem--, começava a quebrar a cara em sua pretensão de impor-se como o guia do mundo, o país dos mandarins, que hoje assombra o universo com a organização da Olimpíada 2008, ia tecendo, às ocultas, o novo regime social de seu povo.
Foi naquele ano que seu PIB (Produto Interno Bruto, indicador de tudo que cada país produz) começou a disparar para nunca mais estacionar. Passou à frente do PIB norte-americano, do nosso apurado desde o tempo da ditadura militar (1964/1985) e os dos demais paises dos continentes americano e europeu. E os produtos com a marca chinesa assentaram praça em todos os países, provocando uma paridade de ricos e pobres em relação a seu consumo.
Até os Estados Unidos, país exportador de quase tudo, que impôs sua moeda de compra como referência internacional, tiveram que aderir à onda e abrir seu mercado para os produtos chineses.
SOCIALISMO E CAPITALISMO
Afinal qual o regime social vigente na China, após um longo processo revolucionário iniciado com a fundação do Partido Comunista Chinês em 1921 e abafado após o fracasso do socialismo soviético em 1991? Até esta Olimpíada de 2008, nenhum sistema de comunicação universal havia se arriscado a desvendar os segredos chineses. Falava-se vagamente sobre o regime socialista, comandado pelo Partido Comunista, única instituição política com existência legalizada. Quase nada era divulgado sobre a vida da população nesse país e seus processos e regras de produção de bens consumidos no mundo.
Mas depois desse país ter sido revirado por 220 profissionais da Rede Globo e por tantos outros repórteres dos meios de comunicação do mundo todo, já não resta mais dúvidas: o que funciona na China é uma economia de mercado subordinada ao comando de um regime socialista bastante forte. Explicando: o Estado administra o processo produtivo, cuidando para que seu resultado seja eqüitativamente distribuído entre os donos dos meios de produção e os que neles investem sua capacidade de trabalho.
Por isso, a denominação do Estado chinês é esta: Republica Popular da China, onde tudo funciona como em países marcadamente capitalistas, com esta única diferença: um socialismo coerente municia o velho capital de regras humanitárias, o que possibilita uma redistribuição justa das riquezas produzidas por todos.
* Félix Nunes é colobadorador do Anastácio Notícias; foi diretor do Sindicato dos Jornalistas de SP; fundador do Tribuna Metalúgica de SP e atual editor de O Aroeira - Anastácio -MS
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