ENFOQUE SISTÊMICO OU SISTEMISMO (METODOLOGIA CIENTÍFICA)
(Do livro SISTEMISMO ECOLÓGICO CIBERNÉTICO - 3a. Edição - Edson Paim e Rosalda Paim)
O
enfoque sistêmico ou Sistemismo é a percepção da realidade, ou de
alguns de seus aspectos, através da perspectiva da Teoria Geral dos
Sistemas (TGS), de Lwidg von Bertalanffy1.
O enfoque sistêmico é,
também, designado como visão sistêmica, perspectiva sistêmica,
abordagem sistêmica ou ainda, concepção sistêmica e constitui uma
maneira peculiar, abrangente, globalísta, integrativa, sintética,
holística, de abordar, perceber e estudar a realidade, bem como nela
intervir.
Esta abordagem, alicerçada na TGS, enfatiza, ainda, as
relações entre as partes do todo, ressalta os pontos de decisão e o
fluxo de informações do sistema, a integração e interação entre os
subsistemas e cuida de prover informações necessárias ao processo.
Este
enfoque enfatiza a idéia de totalidade, globalização, abrangência,
integralidade, universalidade, síntese e de inter-relacionamento das
partes componentes do sistema em estudo.
A abordagem sistêmica (Sistemismo), por si só, já permitiria um enfoque abarcante e integrativo de qualquer sistema em estudo.
Mas,
com o propósito de enfatizar, não apenas, as inter-relações
intra-sistema (intersubsistemas), mas também as relações de trocas entre
o sistema e seus arredores ou ambiente (ecossistema) e, as conseqüentes
influências do ambiente no sistema e, vice-versa, os autores resolveram
abordá-los, simultaneamente - o sistema e o ambiente - mediante os
postulados da Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo).
Para Mário
Chaves2, “como conseqüência do crescente volume de conhecimentos e da
necessidade do uso de métodos e aparelhos cada vez mais complicados,
para a indagação da natureza, o cientista se especializa, a ciência se
divide e subdivide. Dos três grandes ramos: ciências físicas, biológicas
e sociais surgiram várias ciências componentes: a física, a química, a
geologia, a biologia, a psicologia, a sociologia etc. As ciências
componentes se subdividiram.
As resultantes tornaram-se a subdividir.
Ou agruparam-se umas com as outras: a físico-química, a bioquímica, a
psicologia social, a economia política.
O especialista se
especializa: o bioquímico de esteróides, o fisiologista renal, etc.
Análise e síntese caminham sempre juntas. O progresso da análise cria a
necessidade da síntese.
Assim também o avanço do especialismo na
ciência gerou a necessidade de teorias holísticas, abrangendo todas as
ciências, isto é, englobando todas as ciências. Uma das tais ciências é a
“teoria geral dos sistemas”, proposta por Bertalanffy, como doutrina
universal de integração (wholeness) e organização.
Buscou
Bertalanffy, um biólogo, analisar o que as várias ciências têm em comum,
a fim de encontrar princípios gerais aplicáveis a todas.
Observou
ele que certas relações como as expressas pela curva exponencial, pela
lei dos dividendos decrescentes, são universais, aplicáveis na
explicação de fatos do mundo físico, do mundo biológico e do mundo
social.
Com pequena anterioridade sobre Bertalanffy, um matemático,
Wiener, havia também desenvolvido uma ciência de ciências, a
Cibernética, destinada a explicar o problema de controle e comunicações
na máquina, no homem e na sociedade”.
A Teoria Geral dos Sistemas
(TGS) surgiu como uma teoria de abrangência, de globalização, de
totalidade, de síntese, de integração, de universalidade.
Roberto
Mangabeira Unger3 ao se referir à unificação das ciências, e
particularmente, à unidade das ciências culturais, expressa: “duas
concepções foram pressupostas: uma, a da ciência cultural, outra, a da
unidade de todas as ciências culturais. Se aqui se fala em ciências da
cultura, é que só o conceito do cultural pode fundamentar a unidade das
ciências humanas, revelando-lhes a natureza específica.
...Temos
paralelamente, insistido na unidade das ciências culturais. Esta unidade
se apresenta tanto como um ideal, quanto como realidade em surgimento.
Como ideal, ela radica numa exigência geral da unificação progressiva da
visão científica do mundo e, noutra específica que resulta da própria
unidade do fenômeno cultural como fenômeno de valor. Mas a unidade
cultural já é, …uma realidade em vir-a-ser.”
A TGS corresponde a
um esforço no sentido da integração das ciências em um corpo de doutrina
unitária, comum e coerente, almejando tornar-se uma ciência das
ciências e, mesmo, a ciência das ciências, tendo sido considerada por
alguns autores como tal, contribuindo no sentido da concretização do
sonho de Descartes sobre a unicidade da ciência.
Um problema
fundamental da ciência contemporânea é o da teoria geral da organização।
Em principio, a teoria geral dos sistemas é capaz de dar definições
exatas desses conceitos e, nos casos adequados, submetê-los à análise
quantitativa 4".
A influência da Teoria Geral dos Sistemas - uma meta-teoria - e do enfoque sistêmico é, atualmente, muito generalizada.
A
própria definição de Teoria, (segundo Th & Th)5 se harmoniza com a
idéia de sistema, pois enfatiza as interrelações, como se vê:
“Teoria
é o conjunto de princípios e definições inter-relacionadas que servem
conceitualmente, para organizar, de um modo sistemático, aspectos
relacionados do mundo empírico".
Tal definição enfatiza a idéias
de conjunto, de relação, de sistematização, constituindo na realidade,
uma definição sistêmica de teoria, ao tornar claro que o conceito de
teoria corresponde, sobretudo, ao de um sistema teórico.
O grande
poder de síntese da Teoria Geral dos Sistemas, torna-se evidente, ao
permitir O relacionamento de tudo que existe no Universo em, apenas,
quatro linhas de sistemas:
- um sistema físico que vai do átomo ao Universo físico;
- um sistema biológico - desde o vírus até ao homem;
- um sistema social - a partir da família até a sociedade planetária;
-
um sistema tecnológico - iniciando com a flecha (ou outro instrumento
ainda mais primitivo) para se chegar ao computador, como propõe
Bertalanffy, mas nós podemos substituir este termo por complexas usinas
computadorizadas ou mesmo, por engenhos espaciais.
A seguir, apresentaremos algumas definições de sistema:
Sistema é “um todo complexo e organizado; uma reunião de coisas ou partes formando um todo unitário e complexo6”.
“O
todo é algo mais que o simples somatório das partes, pois envolve,
necessariamente, todas as relações entre seus componentes7". Uma
característica fundamental dos sistemas é a relação existente entre suas
partes constituintes, possuindo aspectos que não são inerentes a cada
um dos seus componentes, considerados isoladamente. O todo é, pois,
constituído das partes integrantes do sistema, acrescidas das relações
entre elas. O sistema se constitui de um todo complexo, organizado e
inter-relacionado que é, também, algo mais que o mero somatório dos seus
elementos constituintes, devendo englobar, sobretudo, as relações
existentes entre todos os seus componentes.
Sistema es algo que
se distingue del ambiente o de sus alrededores, que está fuera de
equilibrio y que reconocemos como distinto del ambiente. Son ejemplos de
sistemas, los átomos, los elementos, los compuestos orgánicos, los
compuestos inorgánicos, las células, los organismos pluricelulares, la
sociedad de los seres humanos, los planetas, el sistema solar, las
galaxias y el universo.8”
“Um sistema é um conjunto de objetos junto com as relações entre os objetos e seus atributos.9”
“La
naturaleza puede estudiarse por medio de nuestra elección arbitraria de
cualquier porción de materia de universo; esto le llamamos un
sistema... Un sistema cualquier más sus alrededores, es igual a la
totalidad del universo.10”
Sistema é “qualquer agregado
reconhecível e delimitado de elementos distintos que estejam de alguma
forma interligados e interdependentes e que continuem a operar juntos de
acordo com certas leis e de tal forma a produzir algum efeito total
característico.
Um sistema, em outras palavras, é algo
relacionado com algum tipo de atividade e dotado de uma certa integração
ou unidade; um sistema particular pode ser reconhecido como distinto de
outros sistemas com os quais, no entanto, pode estar dinamicamente
relacionado. Os sistemas podem ser complexos, podem estar formados por
subsistemas interdependentes, os quais, por sua vez, embora com menos
autonomia do que o agregado total, podem ser diretamente distinguidos
durante as operações11”.
A idéia de sistema dá uma conotação de
plano, método, ordem, arranjo. O antônimo de sistema é caos. …O conceito
de sistema involucra o de lei e o de efeito, de resultado. O conceito
de sistema é, por conseguinte, um conceito dinâmico12. A noção de
sistema envolve, além da idéia de totalidade, encerra a de processo, de
movimento e mudança, aspectos que são compartilhados com a Cibernética e
com a própria Dialética. A Cibernética, sobretudo, contém no seu bojo a
idéia de movimento, de processo e de mudança e, por ser integrante da
TGS, potencializa as características dinâmicas desta ciência, mormente
face ao seu mecanismo de regulação e controle (“feedback”) que constitui
seu apanágio e, ao emprestar ao Sistemismo tal atributo, amplia o seu
campo de ação e sua fecundidade, reforçando suas características
dialéticas, como veremos em capítulos seguintes. Os sistemas
cibernéticos são sistemas abertos, dotados de dispositivos automáticos
de regulação ou de retroalimentação (“feedback”), reajustando-se às
circunstâncias através desse mecanismo. Um sistema aberto é aquele que
tem interação com seu ecossistema. A interação entre o sistema e o
respectivo ambiente é efetuada através de trocas. Este intercâmbio pode
ser sintetizado como “trocas de matéria, energia e informações”.
Excetuado o Universo, o qual consiste num sistema fechado, todos os
sistemas, nele existentes, são abertos, uma vez que, através dos quais,
ocorrem fluxos de matéria, energia e informações. “Embora a palavra
sistema tenha sido definida de muitas maneiras, todos os definidores
estão de acordo que um sistema é um conjunto de partes coordenadas para
realizar um conjunto de finalidades. Um animal, por exemplo, é um
sistema, maravilhosamente construído, com muitas partes diferentes que
contribuem de várias maneiras para a sustentação de sua vida, para seu
tipo reprodutivo e suas atividades. 13” Um sistema corresponde à idéia
de conjunto de partes, de inter-relações e interdependência destas, além
de encerrar um objetivo, propósito, finalidade. “Os sistemas são
constituídos de conjuntos de componentes que atuam juntos na execução do
objetivo global”. O enfoque sistêmico é simplesmente um modo de pensar a
respeito dos sistemas totais e seus componentes. Todo ser vivo pode ser
considerado como um sistema. A característica vida nos permite
colocá-lo na linha dos sistemas biológicos. A vida está inserida num
meio físico, num meio não vida, a natureza. Um organismo vivo, como
sistema biológico, está inscrito num sistema maior, o ecossistema. O ser
vive em função do ecossistema e, enquanto as condições deste permitirem
a sobrevivência do ser. Ultrapassadas as condições, o ser morre e sua
substância passa a integrar a natureza do ecossistema. O fenômeno vida
de um ser é, pois um episódio temporário no ecossistema. …Nos sistemas
mais complexos, a diferenciação filogenética, operando em uma dimensão
de milhões de anos, produziu sistemas orgânicos de extrema complexidade,
com uma grande divisão de trabalho entre subsistemas, tal como o que se
pode observar nas espécies animais atuais.l4” Todo sistema é formado
por um conjunto de subsistemas, o qual, por sua vez, é constituído por
um agregado de subsubsistemas. Um sistema, da mesma natureza e de maior
amplitude, no qual o sistema em estudo está contido é o seu
metassistema. “Um sistema (todo) é composto de elementos (partes). Ao
conceber um sistema, entretanto, é necessário incluir mais atributos: o
conjunto de relações que ligam entre si os elementos do sistema, e o
conjunto de atividades desses elementos. Isto porque é importante que se
tenha em mente que um sistema implica, a existência de um processo
operacional global, e não meramente uma coleção de partes ou elementos
justapostos de uma maneira qualquer. Portanto, a consideração de um
sistema implica, sempre (e simultaneamente), a consideração de três
conjuntos: o conjunto de elementos que compõem o sistema, o conjunto de
relações desses elementos entre si e o conjunto de suas atividades
(efetivas ou potenciais) 15”. O Estruturalismo também enfatiza a idéia
de sistema e de relações entre os elementos integrantes de uma
estrutura, havendo, portanto, um parentesco próximo entre o Sistemismo e
o Estruturalismo. A avaliação dos resultados possibilita o controle ou
reajuste do sistema, bem como do seu processo, através do mecanismo de
retroação (“feedback”), atributo fundamental da Cibernética,
compartilhado pela Teoria Geral dos Sistemas, uma vez que a Cibernética é
considerada integrante desta teoria.“Constantemente é a teoria dos
sistemas identificada com a cibernética e a teoria do controle, o que é
incorreto. A cibernética, enquanto teoria dos mecanismos de controle na
tecnologia e na natureza, fundamentada nos conceitos de informação e
retroação, é simplesmente uma parte da teoria geral dos sistemas. Os
sistemas cibernéticos representam um caso particular, embora importante,
dos sistemas que apresentam auto regulação16”.
"A retroação é a
volta do efeito (saída) sobre a causa (entrada). Se os resultados não
são condizentes com os esperados, isto é, se não satisfazem os
propósitos do sistema, os mecanismos de retroação (“feedback”) acionam
determinados controles (humanos ou físicos), para reajustamento do
sistema.12” Todo processo de avaliação deve de ser contínuo, e os
critérios nos quais se fundamenta, fixados nos propósitos, para
possibilitar a aferição da efetividade ou eficácia com que os resultados
alcançados satisfazem aos propósitos do sistema. A retroação negativa
(“feedback”), de um modo geral, permite conservar certas variáveis,
dentro de determinados limites, constituindo o principal dispositivo a
serviço da homeostasia. Representa uma retroação reguladora e
conservadora da estrutura existente. Qualquer grandeza pode ser
submetida ao controle se três condições forem satisfeitas.
Primeiramente, necessitamos de um órgão regulador, capaz de processar as
mudanças necessárias. A seguir, a grandeza a ser controlada, precisa
ser mensurável, ou pelo menos comparável a um padrão, ou seja, necessita
haver um dispositivo medidor. Finalmente, a regulação e a medição
precisam ser suficientemente rápidas. A regulação pelo "feedback"
pressupõe que o sistema tenha uma meta que será determinada pela
configuração de suas variáveis internas em relação às variáveis
externas. A grandeza a ser regulada pode ser desde a entrada de vapor
numa caldeira até o grau de anestesia de um paciente numa operação
cirúrgica. 18 Processo é a dinâmica, o funcionamento do sistema
considerado, ou ainda, o conjunto de procedimentos cuja finalidade é a
consecução dos propósitos ou metas de um sistema ou de cada um dos seus
subsistemas constituintes. Corresponde, assim, à “fisiologia” do
Sistema. Os aspectos centrais de um sistema são: Propósitos (ou goals),
conteúdos e processos. Um sistema pode ser identificado a partir dos
seus propósitos, ou seja, do que se pretenda realizar. Exemplificando
com o caso do sistema de saúde e/ou seu subsistema de enfermagem,
poderíamos afirmar que os propósitos de um sistema de saúde e/ou de
enfermagem é representado pela busca de maior eficiência e eficácia na
assistência integral ao paciente, à família e à comunidade.
A análise
dos Propósitos é capaz de nos permitir derivar Conteúdos (componentes)
essenciais que, integrados por meio de Processos, possam contribuir para
a obtenção dos Propósitos.
Conteúdos de um sistema de saúde e/ou
enfermagem e dos demais sistemas, seriam entre outros, recursos, teorias
e procedimentos, passíveis de contribuírem, em diferentes níveis, para
os Propósitos do Sistema. Um sistema de saúde ou de enfermagem
reporta-se às interações e combinações entre os vários Conteúdos
utilizados para atingir os seus Propósitos. Por sua vez, um sistema é
constituído de subdivisões ou subsistemas, com Propósitos, conteúdos e
processos próprios ou comuns ao sistema, e cujos resultados são
essenciais para o propósito do sistema como um todo. Analogamente, a
definição de supra-sistema (metassistema) refere-se ao contexto que
englobe propósitos comuns e interdependentes de vários sistemas.
Entradas
(inputs) são os elementos que entram na composição de um sistema.
Conteúdos (componentes) são apenas um tipo de input. Saída (output) são
os resultados. A avaliação dos resultados possibilita o controle ou
reajuste do sistema, através do mecanismo cibernético de retroação
(“feedback”). Um problema fundamental da ciência contemporânea é o da
organização. Em princípio a teoria geral dos sistemas é capaz de dar
definições exatas desse todo complexo e, nos casos adequados,
submete-los à análise quantitativa. 19. Há modelos, princípios e leis
aplicáveis a sistemas generalizados ou suas subclasses, qualquer que
seja seu tipo particular, a natureza dos seus elementos constituintes e
as relações ou forças que neles interagem.“... podemos esboçar cinco
considerações básicas que o cientista julga deverem ser conservadas no
espírito quando se pensa sobre o significado de um sistema”:
1) Os objetivos totais do sistema e, mais especificamente, as medidas de rendimento do sistema inteiro;
2) O ambiente do sistema: as coações fixas;
3) Os recursos do sistema;
4) Os componentes do sistema, suas atividades, finalidades e medidas de rendimento;
5) A administração do sistema. 20”
“As
vantagens e características do enfoque sistêmico são”: a) Permite a
análise de sistemas complexos, empregando o método científico para
integrar os diversos fatores envolvidos nas decisões ou soluções. a)
Postula que um sistema só pode ser estudado e entendido em suas
relações. b) Enfatiza relações entre componentes dentro e fora do
sistema. c) Integra subsistemas por meio de conexões funcionais, tendo
em vista os objetivos finais do sistema. Analisa-os em termos de inputs e
outputs, e quantifica-os sempre que possível. d) Geralmente, utiliza os
seguintes passos, em seu desenvolvimento: Determinação de necessidades
ou “goals” para o sistema. Determinação de prioridades, dentre os
componentes, em função dos “goals”. Formulação de um modelo para
relacionar elementos em função de “goals” (geralmente são modelos
quantitativos). Avaliação dos elementos e seleção das combinações mais
plausíveis.Implementação do modelo proposto.
Administração, controle e
revisão da operação do sistema. Pesquisa, desenvolvimento e inovação
contínua do sistema, em face das necessidades internas ou novos “goals”
ou pressões externas21”.
O objetivo da teoria geral dos sistemas é a
formulação de princípios válidos para os “sistemas” em geral,
independente da natureza dos elementos componentes e das relações ou
“forças” existentes entre eles. É, conseqüentemente uma ciência geral da
“totalidade”.
“Os principais propósitos da teoria geral dos sistemas são”:
l. Há uma tendência geral no sentido da integração das várias ciências, naturais e sociais.
2. Esta integração parece centralizar-se numa teoria geral dos sistemas.
3. Esta teoria pode ser um importante meio para alcançar uma teoria exata nos campos não físicos da ciência.
4.
Desenvolvendo princípios unificadores que atravessam “verticalmente” o
universo das ciências individuais, esta teoria aproxima-nos da meta da
unidade da ciência.
5. Isto pode conduzir à integração muito necessária na educação científica. 22
Uma
das características do Sistemismo, além enfatizar as relações entre as
partes do todo, é a idéia de totalidade, estabelecendo um ponto de
contato com o Gestaltismo (Teoria da Forma).
O Sistemismo guarda
estreita relação de parentesco, com o Estruturalismo, de vez que, em
alguns aspectos, seus conceitos e idéias interpenetram e, este modo de
pensar e método de análise é empregado nas ciências desde há muito
tempo, da mesma forma que o Sistemismo, também analisa sistemas e
examina a estrutura, as relações e as funções dos elementos constituinte
desses sistemas, mormente nas áreas de humanidades.
Todo sistema
possui uma estrutura ou constituição, uma "anatomia" (dimensão
estática) e um funcionamento (aspecto dinâmico), constituindo este, o
seu respectivo processo, ou seja, a sua "fisiologia".
Os aspectos
estruturais, morfológicos, “anatômicos” e a ênfase nas relações entre
as partes constituintes do todo, contidos no Estruturalismo, sanciona a
sua estreita relação de parentesco com o Sistemismo, entretanto, aquele
se apresentaria com aspectos estáticos e reducionistas, em comparação
com a Metodologia Sistêmica, que além de possuir os mesmos atributos, é
acrescida da noção de totalidade, de abrangência, de síntese e, mercê de
englobar, no seu bojo, a Cibernética e a Teoria de Informações, as
quais lhe transfere suas características dinâmicas (de movimento, de
processo), capazes de lhe emprestar uma maior fecundidade, tornando-a
mais apta que o Estruturalismo para tratar do dinamismo, do
funcionamento, da “fisiologia”, dos sistemas.
Estes três tipos
comunicação poderiam ser sintetizados e traduzido, em linguagem do
Sistemismo, como um processo de trocas ou intercâmbio de matéria,
energia e informações entre sistemas.
Em muitos aspectos, o
Gestaltismo, o Estruturalismo e o Sistemismo se aproximam, mas este se
apresenta com maior amplitude, maior alcance.
Por sua vez, o
caráter de movimento, de dinâmica, de funcionamento, de “fisiologia” dos
sistemas, enfim, de processo, aproxima o Sistemismo do Funcionalismo.
O
Funcionalismo, cujo parentesco com o Sistemismo também é notório,
sobretudo por se referir às funções ou operações dos organismos vivos,
correspondendo perfeitamente às características dinâmicas e funcionais
dos sistemas, isto é, a sua “fisiologia”, sendo considerado por alguns
autores como duas metodologias associadas e complementares e,
designadas, em seu conjunto, como Sistemismo/Funcionalismo, porém, não é
impróprio afirmar que o primeiro contém o segundo.
A Teoria
Geral dos Sistemas (Sistemismo), pode ser considerada como a própria
teoria da globalização, mas o Sistemismo Ecológico Cibernético,
torna-se, ainda mais fecundo para visualizar e interpretar a
globalização e o processo globalizante.
A idéia de dinamismo, de
movimento, de processo, que o Sistemismo encerra, ainda quando
considerado isoladamente, é reforçada pelo concurso da Cibernética (já
que esta é considerada abarcada pela da Teoria Geral dos Sistemas),
enquanto a Cibernética, por sua vez, engloba a Teoria de Informações, o
que amplia, mais ainda, a TGS.
A Cibernética e a Teoria de
Informações se completam mutuamente, ao tratarem de fluxos de
informações e mecanismos de regulação e controle, constituindo, cada uma
delas, aspecto complementar e relevante do Sistemismo. Além dos
conceitos de totalidade, integração, globalidade, síntese, abrangência,
universalidade e de relações entre as partes do todo, que constituem
apanágio da Teoria Geral dos Sistemas, mercê do parentesco com as
disciplinas referidas, os conteúdos destas, não só confirmam os
atributos referidos, como reforçam as idéias de estrutura, de dinamismo,
de movimento, de funcionamento, de “fisiologia”, de transformação, de
processo, de comunicação, de comando, de regulação, de controle, com
referência à universalidade dos sistemas, sancionando a Teoria Geral dos
Sistemas e a metodologia dela derivada, o Sistemismo, como a mais
abrangente e holística dentre todas as existentes.
O Sistemismo
constitui uma metodologia de grande potencialidade preditiva, de vez
que, com a antecedência de quase meio século, ao surgir, já expressava a
tendência à globalização, cujo advento e ubiqüidade representa o melhor
testemunho e confirmação do potencial de previsibilidade da Teoria
Geral dos Sistemas.
A globalização crescente é conseqüência
lógica do desenvolvimento dos meios de transporte, de comunicação e, da
informática, tendo resultado da transmissão instantânea das informações à
nível planetário, com reflexos em todos os setores da sociedade, cujo
processo avança a cada dia.
A globalização veio para ficar, para permanecer, por isso, teremos de assimilá-la, quer dela gostemos ou não.
O
Sistemismo, estabelecido há pouco mais de meio século, previu o
surgimento desta nova realidade e pretendeu representar, pelo menos, uma
etapa decisiva na construção e evolução de um referencial consentâneo
com as necessidades de nosso tempo.
Na era da globalização,
torna-se, cada dia, mais necessário o conhecimento e a utilização do
Sistemismo, a fim de melhor entender esse processo globalizante e,
conseqüentemente, lutar contra seus efeitos danosos, aproveitando-se, ao
mesmo tempo, suas potencialidades benéficas. A Teoria Geral dos
Sistemas (Sistemismo), pode ser considerada como a própria teoria da
globalização, sendo fecunda para visualizar e interpretar a globalização
e o processo globalizante.
É de se ressaltar a impossibilidade
de se considerar os elementos de uma determinada função como entidades
autônomas e independentes das relações de que participam. A idéia de
dinamismo, de movimento, de processo, de “fisiologia”, que o Sistemismo
encerra, ainda quando considerado isoladamente, é reforçada pelo
concurso da Cibernética (enquanto integrante da Teoria Geral dos
Sistemas) e, por sua vez, pela Teoria de Informações (porque integrante
da Cibernética).
A Cibernética e a Teoria de Informações se
completam mutuamente, ao tratarem de fluxos de informações e de
mecanismos de regulação e controle, constituindo, cada uma destas
ciências, aspecto relevantes do Sistemismo.
Além dos conceitos de
totalidade, integração, globalidade, síntese, abrangência,
universalidade e de relações entre as partes do todo, que constituem
apanágio da Teoria Geral dos Sistemas, mercê do parentesco com as
disciplinas referidas, os conteúdos destas, não só confirmam os
atributos supra referidos, como reforçam as idéias de estrutura, de
dinamismo,de movimento, de funcionamento, de “fisiologia”, de
transformação, de processo, de comunicação, de comando, de regulação, de
controle, com referência à universalidade dos sistemas, sancionando a
Teoria Geral dos Sistemas e a metodologia dela derivada, o Sistemismo,
como uma das mais abrangentes e holísticaa, dentre todas as existentes.
O
Sistemismo se constituía numa metodologia de grande potencialidade
preditiva, de vez que, com a antecedência de quase meio século, ao
surgir, já expressava a tendência à globalização, cujo advento e
ubiqüidade representa o melhor testemunho e confirmação do potencial de
previsibilidade da Teoria Geral dos Sistemas e, não seria exagero
afirmar que ela nasceu, mesmo, em razão desta tendência, detectada pelo
seu autor.
O Sistemismo que inclui, no seu bojo, a Cibernética e a
Teoria de Informações, agora, corresponder a um referencial adequado
para se abordar, além do próprio universo e do sistema planetário, os
sistemas tecnológicos e sistemas sociais, econômicos, educacionais e
outros cuja abrangência ou repercussão tem dimensão terráquea ou, mesmo
aqueles que, tendo amplitude local ou regional, não deixa de ter, como
seu ambiente o próprio planeta.
Com base no exposto, formulamos o
Princípio abaixo descrito: 2 - Princípio do Universo Sistêmico A Teoria
Geral dos Sistemas, através de seu conceito de organização sistêmica
dos seres vivos (Sistema Biológico), dos seres brutos (Sistema Físico),
das associações humanas (Sistema Social) e dos instrumentos (Sistema
Tecnológico) postula a idéia da existência de um universo sistêmico, um
dos alicerces fundamentais do Sistemismo Ecológico Cibernético.
Este
princípio se baseia na abrangência da Teoria Geral dos Sistemas, capaz
de abarcar, no seu bojo, o nosso sistema planetário ou o próprio
universo inteiro e, cujo grande poder de síntese permite relacionar,
como já nos referimos antes, tudo que nele existe em apenas, quatro
linhas de sistema: - um sistema físico que vai do átomo ao universo
físico; - um sistema biológico - compreendendo desde o vírus até ao
próprio homem; - um sistema social - a partir da família até alcançar a
sociedade planetária; - um sistema tecnológico - iniciando com a flecha
(ou outro instrumento, ainda mais primitivo), para se chegar ao
computador, ou mesmo, aos complexos engenhos espaciais.
REFERENCIAS BIBILOGRÁFICAS
1- BERTALANFFY, L. von - Teoria Geral dos Sistemas - Petrópolis - Ed. Vozes - l973.
2- CHAVES, M.M. - Saúde e Sistemas - RJ - Fundação Getúlio Vargas, l972 p.2.
3-
JOHNSON, R.A,, Kast, F.E., ROSENWEIG, J.E. - The theory and management
of sistems, International Student Edition - New York - Mc Graw-Hill,
l963, - in Chaves, M.M. - op cit (2) p. 4.
4- UNGER, R.M. - O
Estruturalismo e o Futuro das Ciências Culturais - in Estruturalismo -
2a. ed. Tempo Brasileiro - Revista de Cultura 15/16, p. 90/95.
5- TH & TH in BERTALANFFY - Ibid. op cit (1).
6- Ibid (4) p.3-4.
7-
HALL, A. D. & FAGEN, R. E. apud OZBEKHAN, HAZAN. Perspectives of
Planing. Erich Jantsch Ed. Organization for Economic Cooperation and
Development. Paris, l969, p. 53 in Chaves, M.M. - op cit (2).
8- CÉSARMAN, E. - Hombre y entropía - Editorial Pax-México S/A .- Primera edición - México D.F.- Febrero de 1974, p, 275.
9- Ibid op cit (4).
10- Ibid op cit (8). p.274.
11- ALLPORT, F.H. apud OZBKHAN, HAZAN - in CHAVES, M.M - op cit (2), p. 4.
12- Ibid op cit (2), p. 4-5.
13- Ibid op cit (4).
14- Ibid op cit (4).
15- MACIEL, J. - Elementos de Teoria Geral dos Sistemas - Petrópolis - Ed. Vozes - 1974 - p. 21.
16- Ibid. (op cit (1), p. 35-36.
17- Ibid. op cit (6).
18- Ibidem.
19- Ibid. op cit. (l) p. 35-36.
20- CHURCHMAN, C. V. - Introdução à Teoria dos Sistemas. Trad. de Francisco M. Guimarães - Ed. Vozes Petrópolis, l972. p. 51.
21- OLIVEIRA, E.J.B.A & OLIVEIRA, E.M.R. - Tecnologia Instrumental - Ed. São Paulo - Livraria Pioneira, l974 p. 11.
22- Ibid op cit (l) p. 62.