sexta-feira, janeiro 20, 2012


A História da Cibernética (* Roque Theophilo)


A Cibernética é uma palavra de origem remota que explica o estudo das funções humanas de controle e dos sistemas mecânicos e eletrônicos que se destinam a substituí-los
Cibernética é uma palavra que se origina do grego kibernetiké (timoneiro; o que governa o timão da embarcação; o homem do leme, em sentido figurado, ou aquele que dirige ou regula qualquer coisa; guia, chefe). A palavra também é designativa de piloto. No grupo de Norbert Wiener, considerado o introdutor da cibernética nos moldes que vem sendo empregada atualmente, fisiologistas e matemáticos estavam sentindo a falta de um vocábulo que lhes permitisse entenderem-se, pela falta de um termo capaz de exprimir a unidade essencial dos problemas de comunicação e controle na máquina e nos seres vivos, já que todas as palavras até então propostas, ou se extremavam muito nas máquinas ou, em caso contrário, na vida.
Procuravam, de fato, exprimir a qualidade de nova ciência. Daí apelou-se, segundo Norbert Wiener (1894 – 1963), norte-americano considerado o pai desta disciplina, por se criar uma palavra artificial, neo-grega: Cyberbética de kubernétes (piloto de navio e, por extensão, governador de um país, que exprime bem a idéia de comando, de condução).
Platão, na sua obra Diálogos, utiliza o termo para denominar a arte de navegar e de administrar províncias. No livro Górgias, diz: "A cibernética salva dos maiores perigos não apenas as almas, mas também os corpos e os bens". Pôs a palavra na boca de Sócrates, também como substantivo, com o sentido de "ciência da pilotagem".
Andrés Maria Ampère, no vasto Ensaio sobre a Filosofia das Ciências, obra inacabada que ele dizia ser "uma exposição natural dos conhecimentos humanos", colocou a cibernética no capítulo da política, definindo-a como a parte da política que trata dos meios de governar, criando a palavra kybernesis.

Psicocibernética
Maxwell Maltz, famoso cirurgião plástico e psicólogo, criou o termo psicocibernética em seu livro Psycho Cybernetics, para indicar o controle da psique humana para uma finalidade produtiva e útil. Para ele, os sentimentos negativos podem desviar uma pessoa de uma finalidade positiva e pela psicocibernética a pessoa pode ser encaminhada para realizações satisfatórias.
Antigamente, acreditava-se que o cérebro humano era constituído de 12 a 14 milhões de neurônios, dispostos de forma caprichosa e associados por filamentos nervosos com os órgãos e os tecidos do corpo.
Dados mais recentes indicam que não se conhece ainda o número exato de neurônios. O cerebelo, "oficina que manobra" o sistema nervoso central, contém em torno de 100 milhões de células. A organização morfofuncional dos neurônios representa a unidade universal do sistema nervoso.
Santiago Ramon y Cajal (1852-1934), Prêmio Nobel (1906), foi o primeiro e grande entusiasta a desenvolver estudos sobre os neurônios, enriquecendo o conhecimento do tema com as suas investigações.
O cérebro tem na vida animal implicações constantes com situações cibernéticas para sobrevivência e procriação da espécie. Exemplo: os vôos dos pássaros seguem princípios cibernéticos quando se deslocam milhares de quilômetros, de uma região para a outra, conforme a estação do ano mais adequada para a sua sobrevivência, sem estarem ligados aos noticiários dos boletins meteorológicos fornecidos pelos mais avançados laboratórios aeroespaciais, orientados por satélites. Os esquilos, que nascem na primavera, sem nunca terem vivido um inverno, colhem castanhas no outono para poderem sobreviver durante a estação mais fria.
Em espetáculos circenses, quando os apresentadores "somam" números simples, o cachorro late o resultado da operação, embora obedecendo sinais imperceptíveis para a platéia. Quando se lhe mostra a tabuleta com o número três, late três vezes; quando é o número cinco, cinco vezes e assim sucessivamente. Tal comportamento, aprendido pelo cachorro, segue mecanismos cibernéticos.
No interior do cérebro humano encontra-se um minúsculo "computador eletrônico", um "gravador", isto é, um "servomecanismo automático", que é um complexo mecanismo que poderá conduzi-lo a estabelecer os seus próprios objetivos cibernéticos.
O homem pilota a sua relação arbitral, isto é, a sua vontade, ciberneticamente a um determinado objetivo; portanto, não se pode dizer que o homem seja uma máquina, mas sim que pilota e controla as suas ações. Por exemplo: estão arquivadas na memória mecanismos de sucessos e de fracassos em nosso "computador eletrônico". Quando desarquivamos vivências passadas bem sucedidas, certamente se reavivarão sentimentos de confiança que acompanharam tais experiências bem sucedidas, o que se dará no caso inverso quando são evocados os fracassos.

Pai da cibernética
Surge da fisiologia a certidão de nascimento da cibernética de Wiener. Ele apresentou ao filósofo Rosenblaut a seguinte pergunta: "Existirão desarranjos nos feedbacks do sistema nervoso? E quais serão as suas causas?". Foi a partir daí que a cibernética nasceu, pela interfecundação da mecânica e da fisiologia.
Existem, entretanto, controvérsias quanto ao pioneirismo da criação do termo. O próprio Norbert Wiener considera que Gottifried Wilheim Leibiniz (filósofo, matemático, teólogo, jurista, historiador e lingüista alemão), pelos conhecimentos que tinha de lingüística e pelas idéias de comunicação, foi o antecessor intelectual das idéias que expôs no The Human Use of Human Beings, publicado nos Estados Unidos em 1950. Por outro lado, declara que as suas concepções estão muito longe de serem iguais a Leibiniz.
As máquinas computadoras de Leibiniz eram apenas uma derivação de seu interesse por uma linguagem de computação, um cálculo raciocinante que, por sua vez, era em seu espírito, apenas uma extensão da idéia de uma completa linguagem artificial.
Wiener, em 1960, visitando os laboratórios do famoso fisiologista russo P. K. Anokin, em Moscou, reconheceu publicamente a prioridade de Anokin na aferição do retorno que consiste nas excitações, colhidas pelos correspondentes receptores, que levam ao surgimento de uma especial sinalização nervosa, que se dirige até o sistema nervoso central.
Este conceito cibernético, pela primeira vez formulado na história da ciência, foi enunciado pelo filósofo russo, em 1935, na sua célebre obra Problemas do Centro e da Periferia a Fisiologia do Sistema Nervoso. Foram 13 anos antes de Norbert Wiener haver formulado pensamentos análogos sobre a cibernética.
Pouco antes de morrer, em 1962, perguntado sobre qual seria a posição da ciência na década de 80, retrucou: "Os problemas fundamentais da biologia vão estar de tal maneira ligados ao sistema e sua organização, quanto ao tempo e ao espaço, e aqui a auto organização terá que jogar com o seu papel fundamental. Por isso, minha opinião sobre a ciência da vida é de que não apenas se dará a assimilação da física pela biologia, porém, o processo contrário, ou seja, a assimilação da biologia pela física."
Em A Cibernética do Sistema Nervoso, que enfoca o problema da cibernética relacionada com a religião ele, parodiando a Bíblia, afirma: "Seja dado ao homem o que é do homem e ao computador o que é do computador."
PÍLULA DA FRATERNIDADE
A História da Cibernética nos dá uma pálida idéia que a arrogância científica do Homem termina quando começa a Sabedoria Divina

* Psicólogo e Jornalista Profissional, é autor do título « O Amigo Psicólogo ® ». Presidente das Academia Brasileira de Psicologia e Academia Internacional de Psicologia, e um dos pioneiros da Psicologia no Brasil.

terça-feira, janeiro 17, 2012


 

A Ecologia Sistêmica é abordada no livro SISTEMAS, AMBIENTE & MECANISMOS DE CONTROLE




Capa do livro de Edson Paim & Rosalda Paim


ECOLOGIA SISTÊMICA: É a abordagem da Ecologia através da ótica do SISTEMISMO, ou seja, segundo os cânones da Teoria Geral dos Sistemas, de Lwidg von Bertalanffy.

O tema é focalizado no livro de Edson Paim e Rosalda Paim, designado SISTEMAS, AMBIENTE & MECANISMOS DE CONTROLE.

Este Livro de autoria de Edson Paim, designado SISTEMAS, AMBIENTE & MECANISMOS DE CONTROLE, trata da abordagem de qualquer sistema, simultaneamente com a do respectivo ambiente, ambos acrescidos de mecanismos de controle ou “feedbacks”, necessários à obtenção dos seus estados de equilíbrio, cujo propósito é assegurar a consecução dos objetivos, fixados para o sistema em causa.

Sistemas, Ambiente & Mecanismos de Controle refere à descrição e a utilização de um paradigma de cunho abrangente, integrativo, sintético, enfim, holístico - o Sistemismo Ecológico Cibernético Informacional - construído com alicerce em quatro pilares principais: Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo), Cibernética, Teoria da Informação e Ecologia, representando, portanto, uma metodologia de caráter multirreferencial.

O presente construto foi concebido e elaborado com inspiração no modelo de organização e funcionamento dos seres vivos e dos ecossistemas naturais - sistemas auto-organizadores, auto-reajustáveis e auto-reprodutores, - os quais são dotados de dispositivos cibernéticos ou de “feedback” negativo, construídos pela natureza.

Um aspecto deste paradigma é o fato de estar estribado na estrutura sistêmica do genoma e, na fisiologia cibernética do sistema nervoso, particularmente do cérebro humano, que abriga o produto mais sofisticado da evolução biológica - a consciência.

A metodologia proposta pode ser aplicada tanto à focalização de um sistema como a de seus metassistemas e subsistemas, incluindo a visualização do respectivo ambiente - também um sistema, - o sistema ambiental.
Este referencial corresponde ao Sistemismo ampliado e postula a possibilidade da abordagem de qualquer sistema, seja de natureza física, biológica, tecnologia ou social, mediante a mesma metodologia, ora apresentada.

Destarte, o quadro de referência proposto torna possível enfocar, através de um mesmo prisma, o ser humano, um automóvel, uma empresa, um município, um estado, um país e, até mesmo, o sistema social global, assim como o sistema físico em que todos eles estão contidos - o próprio Planeta Terra - e, por extensão, o Universo inteiro.

Esta perspectiva se alicerça no fato de que todos eles possuem, como denominador comum, os atributos universais dos sistemas, entre os quais se destacam:

1) - os sistemas são conjuntos de partes interligadas e inter-relacionadas, atuando conjuntamente, para a consecução de um determinado objetivo;
2) - os sistemas estão inseridos no ambiente;
3) - a totalidade dos sistemas abertos estabelece contínuas e permanentes relações com o seu ambiente imediato, efetuadas através de intercâmbios;
4) - os intercâmbios que ocorrem entre cada sistema e o seu ambiente podem ser sintetizados como trocas contínuas e permanentes de matéria, energia e informações, processadas entre um e outro, afetando-se mutuamente, isto é, sofrendo, em conseqüência, cada um deles, influências do outro.
Os sistemas, de um modo geral, sobretudo, os de natureza biológica, tecnológica ou social, necessitam possuir mecanismos de controle (“feedbacks”), com o propósito de regular o seu estado de equilíbrio e a harmonia do seu funcionamento ou operacionalização.

Os sistemas compartilham, portanto, características tais como as de totalidade, abrangência, integralidade, síntese e inter-relacionamento entre suas partes integrantes, efetuando contínuas trocas de “matéria, energia e informações” com o ambiente, além da necessidade de possuírem mecanismos de controle, cuja finalidade é a manutenção dos seus estados de equilíbrio e, o do ambiente que os envolve, além garantir a harmonia ente ambos.

O fato de corresponderem a sistemas sintetiza os atributos que são comuns a todos eles.

Um determinado sistema, acrescido dos seus arredores, constitui, por sua vez, outro sistema, de maior amplitude e, de natureza mista: o conjunto sistema/ambiente, que poderá ser designado, no contexto do estudo, como universo, - com u minúsculo - para não confundir com Universo, o sistema cósmico.

Nosso planeta e, o seu ambiente, o Universo, o qual integra, por corresponderem a sistemas, podem ser visualizados através deste mesmo prisma, considerando-se, entretanto, que o Sistema Universal representa o único sistema sem ambiente, pois não se pode conceber a existência de algo em seu entorno, desde que o consideremos infinito.

Os nove primeiros capítulos, que se busca manter inter-relacionados, interligados, entrelaçados, integrados, como uma malha, uma trama, uma rede, uma teia de idéias, fundamentos, conceitos e princípios que formam o alicerce do Sistemismo Ecológico Cibernético Informacional - o Sistemismo ampliado - constantes dos capítulos X a XII.

Finalmente, o capítulo XIII, “Rumo a uma Sociedade Cibernética”, aborda a hipótese de uma nova utopia: um sistema social aberto, baseado no Estado de Direito Democrático, cuja essência é ser repleto de mecanismos regulatórios (“feedback” sociais), destinados a assegurar o equilíbrio do seu funcionamento, objetivando torná-lo harmônico, em toda a plenitude e, inserido num contexto ecológico perfeitamente adequado aos propósitos ou telos da sociedade.

Este modelo sócio-econômico-jurídico-cultural e ecológico seria capaz de garantir aos seus integrantes, entre outras, as condições de liberdade individual e coletiva e, de universalização do acesso às informações, cidadania, trabalho, moradia, alimentação, educação, saúde, segurança, saneamento básico, transporte e lazer, enfim, igual oportunidade para todos: justiça social, adequada distribuição de renda e, qualidade de vida, compatível com a dignidade da pessoa humana, em perfeita harmonia com o contexto ambiental